Em declarações à Lusa, o reitor da Universidade do Porto, Sebastião Feyo de Azevedo, defende que “temos de ter muito cuidado na análise de números de crescimento”. Eu diria até que era o que mais faltava que não tivéssemos crescido. Estávamos tão baixo que se não crescêssemos era um desastre ainda maior do que o que temos neste momento, que é muito difícil”, sublinha.
De acordo com o estudo, divulgado num encontro que reúne até sexta-feira, no Porto, quase duas centenas de reitores e administradores universitários de toda a Europa, Portugal “é o único país no sul da Europa com uma dinâmica de financiamento positiva em relação ao número de alunos”.
Contudo, o Observatório salienta que “o financiamento para as universidades portuguesas havia sido cortado antes de 2008 e que o nível anterior à crise de financiamento pode não ter sido alcançado ainda”.
“É claro que relativamente a 2008, nós temos um aumento, mesmo com a descida de 2011 a 2015, mas eu não fico satisfeito em dizer que, por exemplo, aumentei 100% se aumentei de 1% para 2%, eu preferia só aumentar 10% se fosse de 20% para 22%. Portanto as pessoas que não fiquem impressionadas por dizer que relativamente a 2008, nós tivemos 4% ou 5% e de 2008 a 2010 tivemos 10%”, frisou Feyo de Azevedo.
Em seu entender, “o valor do financiamento sustentado das instituições universitárias tem sido baixo e não se pode fazer milagres em competir com instituições que têm duas, três e quatro vezes o orçamento que nós temos, não podemos querer renovar o corpo docente, como politicamente se defende, sem ter meios para o fazer”.
“Como é que pagamos os salários e, mais do que isso, com que modelo de governação é que funcionamos? São tudo questões que estão em cima da mesa, não devemos ser demagógicos, nem populistas. Temos de ter os pés na terra e perceber os problemas que Portugal tem de ultrapassar. Se não há mais dinheiro, mudem a forma de governo”, frisou.
Na primeira sessão do encontro das universidades da Europa, os oradores defenderam que “é preciso que os universitários se unam para influenciar o futuro e o modelo futuro de financiamento”.
Em relação ao presente, registaram que “há um sinal de que as universidades têm de se adaptar aos tempos, um sinal que passa por uma governação clara, transparente, com estratégia e flexível”.
“Se não tivermos isso, podemos ser razoavelmente bons ou até muito bons, mas não passamos de um certo patamar, temos de ter essa capacidade”, defendeu, em declarações à Lusa, o reitor da Universidade do Porto.
A terceira edição do Fórum sobre financiamento da European University Association, que tem como tema “Universidades eficientes. Valor para a sociedade”, encerra sexta-feira com a intervenção mo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.
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