Em 2019, de acordo com o Relatório e Contas disponibilizado esta semana (prejuízos de 408,8 milhões de euros), foram registados 14,8 milhões de euros de imparidades relativos à Montepio Seguros.
Anteriormente, em 2017, depois de um teste de imparidade, foram contabilizados 80,2 milhões de euros direcionados à Montepio Seguros, que integra atualmente a Lusitania e a Lusitania Vida, depois da fusão da N Seguros com a Lusitania.
Em 2016, o valor destinado às imparidades tinha sido de 6,1 milhões de euros, bastante inferior aos 63,2 milhões de euros registados em 2015.
Assim, desde 2015, num valor que ascende aos 164,3 milhões de euros, apenas não foram registadas imparidades em 2018.
O registo de imparidades acontece apesar da Mutualista ter transferido 200,5 milhões de euros para a Montepio Seguros ao longo dos últimos sete anos.
Os montantes transferidos dizem respeito a 30 milhões de euros em 2019, 35 milhões de euros em 2018, 55 milhões de euros e 18,75 milhões de euros (em duas operações) em 2015, e a 61,75 milhões de euros contabilizados nas contas de 2014.
Ao longo dos anos, a Montepio Seguros tem acumulado prejuízos, tendo esse valor ascendido a 22 milhões de euros em 2018, 89,9 milhões de euros em 2017, 9,2 milhões de euros em 2016 e 79,9 milhões de euros em 2016, de acordo com os Relatórios e Contas disponíveis no 'site' da Mutualista.
A Montepio Seguros foi presidida, entre 2016 e 2018, por Virgílio Lima, atual presidente da Mutualista Montepio, sucedendo a Tomás Correia, que esteve na presidência desde 2008 até ao final do ano passado.
Anteriormente, Virgílio Lima tinha sido também administrador da Lusitania (desde 2008), constituindo equipa com Tomás Correia, na altura presidente da companhia de seguros, cargo que acumulava com a de presidente do Montepio.
Mutualista Montepio transferiu mais de 200 milhões de euros para o ramo segurador desde 2014
A AMMG, que revelou esta semana ter registado perdas de 408,8 milhões de euros em 2019, tem, ao longo dos anos, transferido várias dezenas de milhões de euros para a Montepio Seguros SGPS, que inclui as seguradoras Lusitania, Lusitania Vida e N Seguros (entretanto fundida com a Lusitania).
Em 2019, essa quantia, descrita nas contas da mutualista como "prestações acessórias", ascendeu a 30 milhões de euros, para "reforço da sua [Montepio Seguros] margem de solvência".
No ano anterior, o Relatório e Contas submetido a assembleia-geral da Mutualista Montepio, para aprovação pelos seus associados, dava conta de um "aumento das prestações acessórias de capital na Montepio Seguros - SGPS, no montante de 35 milhões de euros, para reforço da sua margem de solvência".
"Estas prestações acessórias não vencem juros nem são exigíveis e poderão ser utilizadas para aumentos de capital", de acordo com informação prestada no relatório.
Também em 2015 foram realizadas essas transferências, desta feita de 55 milhões de euros, descritas como "prestações suplementares de capital de natureza pecuniária" destinadas à Montepio Seguros.
Para além disso, no âmbito da aquisição, por parte da Mutualista, à Caixa Económica Montepio Geral (hoje conhecida como Banco Montepio) de 33,65% da participação na Montepio Seguros, por 65,1 milhões de euros, esse valor incluiu 18,75 milhões de euros "de prestações acessórias anteriormente efetuadas pela Caixa Económica - Montepio Geral a esta entidade [Montepio Seguros]".
No entanto, no relatório e contas da Montepio Seguros de 2017, pode ler-se ainda que "em 31 de dezembro de 2014, os outros instrumentos de capital [descritos no relatório] são relativos a prestações acessórias concedidas pelos acionistas MGAM [Montepio Geral, Associação Mutualista] e Caixa Económica Montepio Geral CEMG, nos montantes euros 61.750.001 e euros 18.750.000, respetivamente".
Sendo que os 18,75 milhões de euros são os mesmos já referidos anteriormente, os 61,75 milhões de euros elevam o valor do total das prestações destinadas à Montepio Seguros SGPS para os 200,5 milhões de euros desde 2014.
Os relatórios e contas anteriores dão também conta de empréstimos concedidos ao ramo segurador do grupo Montepio no valor de 43,75 milhões de euros, quer em 2013, quer em 2012.
"A partir de finais do ano de 2013, o Grupo Montepio agrupou as entidades supervisionadas pela ASF numa nova entidade, a Montepio Seguros SGPS, SA, que detém participações maioritárias na Lusitania, Companhia de Seguros, operadora no mercado de Seguros Não Vida, na Lusitania Vida, entidade do Grupo dedicada ao segmento de Seguros Vida, e na Futuro, SGPS, a sociedade gestora de fundos de pensões do Grupo", explica o grupo no relatório e contas de 2015.
No final de 2019, a N Seguros foi incorporada na Lusitania Companhia de Seguros, operação que "resultou de um processo de fusão, com efeitos a partir de 31 de dezembro de 2019, com o qual se pretende racionalizar e otimizar a carteira de participações e obter ganhos de eficiência no negócio de seguros, melhorando as condições competitivas", de acordo com o relatório de contas de 2019.
A Montepio Seguros foi presidida, entre 2016 e 2018, por Virgílio Lima, atual presidente da Mutualista Montepio, sucedendo a Tomás Correia, que esteve na presidência desde 2008 até ao final do ano passado.
Anteriormente, Virgílio Lima tinha sido também administrador da Lusitania (desde 2008), constituindo equipa com Tomás Correia, na altura presidente da companhia de seguros, cargo que acumulava com a de presidente do Montepio.
A Associação Mutualista Montepio Geral (que este ano comemora 180 anos) é o topo do grupo Montepio e tem como principal empresa o banco Montepio.
No final do ano passado, tinha 601,784 mil associados, depois de ter perdido mais de 10 mil associados em termos líquidos (25.415 novos associados, 1.493 readmitidos e 37.731 que saíram).
Também no final do ano passado, o valor do ativo era de 3.456 milhões de euros, menos 8,5% do que em 2018, devido à reavaliação em baixa do valor das principais participações financeiras, o banco Montepio e a Montepio Seguros.
Comentários