Ricardo Ferreira, atualmente diretor da regulação da EDP, foi hoje ouvido na comissão parlamentar de inquérito às rendas excessivas, tendo sido questionado pelo deputado do CDS-PP Hélder Amaral sobre a notícia que falava do “dia em que a EDP foi Governo”, segundo a qual o 'draft' do decreto-lei de implementação, em 2007, dos CMEC [custos para a manutenção do equilíbrio contratual] terá vindo diretamente da EDP para assinatura do então ministro da Economia, Manuel Pinho.
“Eu passei por dois gabinetes ministeriais e as coisas não eram assim, claramente. O Governo era o Governo, o Governo mandava. Eu duvido é que esta notícia tenha alguma veracidade”, assegurou.
No entanto, o antigo assessor sublinhou que houve “conversas, diálogos e discussões” em “todo o processo que levou à concretização dos CMEC, com todos os 'stakeholders', desde reguladores, nacionais e estrangeiros, a 'stakholders' internos, empresas, incluindo também a REN”.
“Houve cultura de diálogo, que não é mesma coisa do que mandar no Governo”, insistiu.
Pelo PCP, o deputado Bruno Dias, no meio de uma das perguntas, afirmou que Ricardo Ferreira já tinha esclarecido naquela mesma comissão “que não teve envolvimento no processo de elaboração do 'draft' que a administração da EDP enviou ao Governo como proposta de resolução do Conselho de Ministros”.
“Só uma precisão [sobre] o 'draft' da resolução do Conselho de Ministros: eu não disse não o escrevi, só digo que não me recordo. Não tenho memória disso”, precisou, na resposta, o economista.
Sobre se no primeiro encontro com o ex-ministro Carlos Tavares – por convite de um adjunto do governante – o responsável da pasta sabia que tinha estado na The Boston Consulting Group (BCG), Ricardo Ferreira admitiu que sim, mas não pôde dar a certeza.
“O meu primeiro projeto da BCG foi o da EDP. Foi mesmo o meu batismo. E foi um batismo de fogo”, assumiu.
Já o deputado do BE Jorge Costa insistiu nas reuniões entre o então ministro Carlos Tavares e o antigo comissário europeu Mario Monti e se Ricardo Ferreira teria estado presente nas mesmas.
“Não tenho nenhuma recoleção disso, mas é possível que tenha estado”, disse apenas.
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