Numa entrevista ao canal de televisão francês LCI, citada pela AFP, o comissário europeu disse que não queria antecipar os resultados da investigação, mas que, olhando para o que acontece com os inquéritos que a Comissão abre, muitas vezes estes resultam “em aumentos das tarifas aduaneiros de 10% a 20%”.
No entanto, Thierry Breton manteve-se cauteloso quanto ao resultado deste processo. “Veremos”, repetiu várias vezes.
Na semana passada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a abertura de uma investigação contra subvenções para automóveis elétricos provenientes da China.
“Olhem para o setor dos veículos elétricos. É uma indústria crucial para uma economia ecológica, com um grande potencial para a Europa, mas os mercados globais estão hoje inundados por carros elétricos chineses que são mais baratos e os seus preços mantêm-se artificialmente baixos através de subvenções estatais gigantescas”, disse a presidente da Comissão, enquanto intervinha no debate sobre o Estado da União, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França).
Por isso, Von der Leyen anunciou que “a Comissão vai abrir uma investigação contra as subvenções para automóveis elétricos provenientes da China”, uma vez que os subsídios estão “distorcer” o mercado europeu.
“A Europa está aberta à competição, não a uma corrida para o fundo”, completou, criticando aquelas que classificou como “práticas desleais” da China.
Por sua vez, Breton indicou que “atualmente, os veículos elétricos que chegam à Europa provenientes da China estão sujeitos a direitos aduaneiros de 10%. Se tomarmos os Estados Unidos como exemplo, são 27,5%.
No decurso da investigação, a Comissão irá analisar “os subsídios diretos ou indiretos recebidos” pelos construtores automóveis, acrescentou. Breton afirmou que o inquérito incidirá sobre “todos os automóveis fabricados na China, independentemente da sua marca”.
Os peritos estimam que os veículos chineses têm uma vantagem de custo de cerca de 20% em relação aos fabricados na Europa.
Mas enquanto Bruxelas suspeita de práticas ilegais, Pequim acredita que está simplesmente a colher os frutos dos seus investimentos.
Para a China, a abordagem europeia é um “protecionismo flagrante” e “terá um impacto negativo nas relações económicas e comerciais entre a China e a União Europeia”.
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