
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou em 28 de abril uma trégua unilateral de três dias, de oito a 10 de maio, devido à comemoração, que contará com a presença de quase 30 líderes estrangeiros, incluindo os presidentes do Brasil e da China, Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping.
O tradicional desfile militar está programado para sexta-feira, dia 9. O Kremlin declarou esta quarta-feira que está adotar "todas as medidas necessárias" para garantir a segurança, incluindo limitar o acesso à internet na capital russa para prevenir "o perigo" procedente da Ucrânia.
O cessar-fogo, previsto para começar esta quarta-feira foi classificado como uma "tentativa de manipulação" pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para evitar ataques em Moscovo durante as comemorações.
Após mais de três anos da invasão russa, que provocou dezenas de milhares de mortes entre civis e militares, Kiev pede um cessar-fogo "incondicional" de 30 dias antes de negociar com a Rússia, uma proposta apoiada pelo presidente americano Donald Trump.
Na madrugada de quarta-feira, o Exército russo efetuou uma série de ataques contra a Ucrânia, que respondeu com lançamentos de drones.
O Exército russo lançou quatro mísseis balísticos e 142 drones, afirmou Zelensky. Em Kiev, duas pessoas, uma mãe e o seu filho, morreram e sete ficaram feridas, incluindo quatro crianças.
Segundo Zelensky, a capital ucraniana foi atingida duas vezes, primeiro por mísseis e depois por drones. As regiões de Zaporizhzhia, Donetsk, Zhytomyr, Kherson e Dnipro também foram alvo de ataques.
O presidente ucraniano exigiu, após os ataques, "uma pressão ainda maior e sanções mais severas" contra Moscovo, por considerar que esta é a única maneira de "abrir o caminho para a diplomacia".
A Ucrânia lançou vários drones contra o território russo, o que provocou "restrições temporárias" e obrigou ao desvio de alguns voos que seguiam para o Aeroporto Internacional Sheremetievo de Moscovo, informou a companhia aérea nacional russa Aeroflot.
Segundo a associação de operadores de turismo russos (ATOR), pelo menos 350 voos foram cancelados ou atrasados desde terça-feira em todo o país, o que afetou "os planos de viagem de pelo menos 60.000 passageiros".
Putin denuncia tentativa de "revisão" histórica da Segunda Guerra Mundial
O presidente russo, Vladimir Putin, denunciou, ontem, tentativas de "revisão" histórica da Segunda Guerra Mundial, num telefonema com o Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
O mandatário russo fará um discurso a 9 de maio na Praça Vermelha de Moscovo no 80º aniversário da vitória soviética sobre os nazis.
O Kremlin afirmou numa declaração após a conversa entre Putin e Netanyahu que "os dois países estão determinados a defender a verdade sobre os eventos da Segunda Guerra Mundial, para combater as tentativas de rever o seu resultado e falsificar a história".
Durante a conversa, "destacou-se a contribuição decisiva do Exército Vermelho e do povo soviético como um todo para a derrota do nazismo", disse a Presidência russa.
O gabinete de Netanyahu reportou que durante a conversa telefónica, o primeiro-ministro enfatizou a contribuição decisiva do Exército Vermelho para a vitória sobre os nazis e o importante papel desempenhado por diversos oficiais e combatentes judeus nestas tropas.
Os líderes também abordaram "diversos aspetos da situação no Oriente Médio" e as relações entre Rússia e Israel, acrescentou o Kremlin.
O chefe de Estado russo acusa frequentemente as potências ocidentais de revisionismo histórico e de tentar minimizar ou distorcer o papel crucial da União Soviética na vitória dos países aliados contra a Alemanha nazi.
O Presidente americano, Donald Trump, disse na semana passada que o seu país foi o que mais contribuiu para a vitória dos aliados na Segunda Guerra Mundial, uma declaração que provocou indignação na Rússia.
A vitória de 1945 é fundamental para a leitura que a Rússia faz de sua história e é a principal celebração patriótica do país.
A memória desta guerra, que deixou mais de 20 milhões de mortos na União Soviética, é um trauma persistente na sociedade russa e muitas autoridades usaram o termo Grande Guerra Patriótica para se referir a este conflito.
A narrativa é usada por autoridades que comparam a ofensiva russa na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022, à luta contra os nazis.
*Com AFP
Comentários