“Somos pessoas sérias, Itália é um país sério […]. Por isso, vamos sentar-nos à mesa com responsabilidade, não para destruir, mas para construir”, declarou o vice-primeiro-ministro italiano, Luigi Di Maio, através de uma publicação na rede social Facebook.
O governante, do executivo composto pelo Movimento 5 Estrelas e pela Liga, acrescentou ser “muito incómodo que todos os dias se encontre um motivo diferente para falar mal de Itália”.
“Fala-se de um possível processo de infração, mas sabem o que está em causa? A dívida pública criada pelo Partido Democrático em 2017 e 2018″, vincou Luigi Di Maio.
Segundo o responsável, Itália leva “muito a sério” a recomendação hoje feita, mas realçou que “há outros países europeus que, nos últimos anos, contraíram mais dívida do que permitido para reavivarem a sua economia e não enfrentaram qualquer sanção”.
Para Luigi Di Maio, “é inconcebível que um país com seis milhões de desempregados […] seja colocado em causa porque pretende investir em crescimento e em trabalho e reduzir os impostos”.
O governante adiantou que Itália vai continuar a fazê-lo, ao mesmo tempo que “não vai tocar” no programa de pensões anunciado.
Já em comunicado, o também vice-presidente e líder da Liga, Matteo Salvini, argumentou que “a única maneira de reduzir a dívida criada no passado é diminuir os impostos e permitir que os italianos trabalhem”.
“Queremos investir em emprego, crescimento, investigação e infraestruturas e tenho a certeza que Bruxelas respeitará essa vontade”, adiantou.
A Comissão Europeia propôs hoje a abertura de um PDE contra Itália devido ao peso da dívida pública, no âmbito das recomendações específicas por país.
Segundo as recomendações específicas para Itália, o critério da dívida tal como está definido não está a ser cumprido, sendo esta a justificação que sustenta a recomendação de um PDE.
Na análise do executivo comunitário, a dívida pública italiana poderá mesmo aumentar, em vez de baixar, dos 132,2% do Produto Interno Brito (PIB) em 2018, para os 133,7% este ano e os 135,7% em 2020, mais do dobro do limite de 60% fixado pelas regras europeias.
Esta recomendação será debatida pelo Conselho de ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin), que tem duas semanas para formar uma decisão.
Se apoiar a recomendação de Bruxelas, dará início ao procedimento por défice excessivo ao abrigo do qual Itália poderá ser multada num valor até 0,2% do seu PIB, ou seja, 3,5 mil milhões de euros.
Bruxelas considerou ainda que o crescimento da economia italiana abrandou e a confiança dos investidores piorou.
As estimativas de Bruxelas apontam ainda que o défice orçamental deve continuar a subir, podendo chegar aos 2,4% do PIB neste ano e 3,5% em 2020 se não forem adotadas quaisquer medidas para inverter esta tendência.
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