As grandes cadeias de distribuição têm uma fatia dominante no mercado, mas o comércio de proximidade tem sido apontado como uma tendência nos últimos anos. Em Portugal, a Unimark, cooperativa de grossistas e retalhistas de produtos de grande consumo, pretende ter um papel a dizer neste xadrez.
“A verdade é que a ideia antiga de que nos supermercados da nossa rua, não existe preço competitivo, está a ser totalmente desconstruída”, afirma o diretor-geral da cooperativa, João Vieira Lopes que também preside à Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP). “Dá-nos um enorme gosto observar, a guerra onde só o preço conta. A nossa realidade é outra, ter proximidade e gerar confiança com o consumidor e poder que temos um preço bastante equilibrado no mercado”, acrescenta.
Recuemos na história, mais concretamente a 1996, ano em que foi fundada a Unimark numa decisão que juntou várias empresas com o propósito de “combater as desigualdades de condições de compra existentes no mercado, fruto do grande poder aquisitivo e de pressão negocial das grandes cadeias”.
Integra atualmente duas cadeias retalhistas e 17 empresas grossistas, com um total de 39 Cash & Carry e mais de 1.400 supermercados e minimercados próprios ou associados.
Em 2005, apostou no lançamento da sua marca própria, a marca UP que conta já com mais de 600 referências.
"A diferenciação trazida pela marca própria UP é um dos trunfos de comercialização ao dispor de todos, seja os que a utilizam como marca própria base seja aqueles para quem é um complemento das suas marcas. Para criar melhores condições de competição no mercado é imprescindível melhorar o mix de produtos da oferta existente, evitar a rutura, procurar produtos alternativos com qualidade superior, melhorar as quantidades mínimas de compra exigidas e melhorar prazos de entrega. É neste caminho que teremos de desenvolver cada vez mais a nossa atividade no futuro", defende Carla Esteves, diretora executiva da Unimark.
Num mercado dominado por grandes cadeias, estar próximo do consumidor é um dos fatores de diferenciação que a cooperativa considera jogar a seu a favor. “Se estivermos atentos, por muito que todas as marcas [das grandes cadeias] tentem, nenhuma delas consegue realmente fazer com que o consumidor se sinta em casa e no seu espaço comercial de máxima confiança. A nossa marca é realmente de proximidade. Não tem de tentar ser, porque o é”, sublinha João Vieira Lopes.
A expansão da rede de lojas Aqui é Fresco é, neste âmbito, uma das principais apostas de futuro. “A rede de lojas Aqui é Fresco tem vindo ao longo dos anos a desenvolver-se organicamente, com o número de novos aderentes a aumentar de forma consolidada. Nos dias de hoje, a rede criada pela Unimark é considerada a maior cadeia de comércio independente em Portugal, fruto de uma expansão estratégica e ponderada aliada a muita dedicação de todos aqueles que fazem parte deste negócio”.
No atual cenário económico, o fator preço é ainda mais determinante para o consumidor e traz um desafio redobrado à Unimark . “A escalada galopante da inflação nos últimos meses e a consequente perda do poder de compra dos consumidores são dois dos maiores desafios que o setor do retalho enfrenta. Por isso mesmo queremos apostar na sinergia com outros parceiros para reforçar competitividade bem como marcar a diferença, apostando fortemente na sustentabilidade e digitalização”.
"O papel da loja física não vai desaparecer"
"Em outubro de 2020, os nossos associados que constituíram a rede “Aqui é Fresco” foram pioneiros na organização da primeira convenção digital da rede de comércio de proximidade e do retalho nacional. O futuro está a apontar para um sistema misto de canais, com vista à otimização do negócio. As muitas vantagens associadas ao comércio eletrónico não significam, necessariamente, acabar com tudo o que já existe e se conhece. O papel da loja física não vai desaparecer. Vai sim ter de adaptar-se e ter de desenvolver novos formatos, ajustar horários, gama de produtos e serviços aos consumidores. Confiamos naquilo que vemos e podemos tocar continuará a fazer parte da natureza humana", refere, por seu lado, Carla Esteves.
A digitalização das empresas que integram a cooperativa e da oferta aos clientes, é, neste contexto, um dos principais desafios dos próximos anos. “A pandemia, com os confinamentos e restrições, originou uma maior procura pelo comércio de proximidade, exponenciando igualmente, o crescimento do canal digital, pelo que, é nossa prioridade investir neste canal, apostando em formação e em sistemas informáticos comuns com os grossistas associados, sem esquecer a implementação de programas de redução de preços e custos, de forma a aumentar benefícios para o cliente, retalhista ou consumidor final”, diz João Vieira Lopes.
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