“Dependemos de dados. Tivemos alguns em março e mais alguns em abril. É nesta base que devemos tomar as nossas decisões e não com base num banco central do mundo, mesmo que seja a Fed”, disse Lagarde em declarações à CNBC, à margem das Reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington.
Questionada no canal CNBC à margem da sua visita às reuniões de primavera do FMI, Lagarde rejeitou a questão de uma divergência que poderia surgir entre as políticas monetárias do BCE e da Fed.
A presidente do BCE sinalizou que a instituição continua a manter a abertura para reduzir as taxas de juro em breve, a menos que ocorra alguma perturbação significativa.
“Se não sofrermos um grande ‘choque’, caminhamos para um momento em que teremos de moderar a política monetária restritiva […] num período de tempo razoavelmente curto”, disse, salientando que se assiste a um “processo desinflacionista” que avança de acordo com as expetativas do banco central.
No entanto, Lagarde recordou que o BCE não se “comprometeu previamente” com qualquer trajetória nas taxas, pelo que a redução do preço do dinheiro em junho não implicará que as taxas de juro continuem a descer.
“Há uma enorme incerteza. Temos de estar atentos a estes desenvolvimentos, temos de olhar para os dados, temos de tirar conclusões desses dados”, salientou.
Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião de política monetária do BCE da semana passada, Christine Lagarde já tinha afirmado que o banco central depende dos dados e não da Fed, embora tudo o que se passe nos outros países seja importante na hora de definir a sua política monetária e as suas previsões.
As declarações da presidente do BCE foram feitas depois de ter sido anunciado que a inflação acelerou em março nos Estados Unidos, o que pode comprometer uma descida das taxas de juro da Fed que era esperada para junho.
Lagarde sublinhou que o mandato do BCE é manter a estabilidade de preços na zona euro e trabalhar com os cidadãos europeus e que a origem da inflação nos Estados Unidos e na zona euro foi diferente, o mesmo sucedendo com a resposta política ou a dinâmica dos consumidores, pelo que as medidas têm sido diferentes.
O BCE deixou na última reunião as taxas de juro inalteradas, com a principal taxa de refinanciamento em 4,5%, o nível mais alto desde 2001, mas mostrou-se aberto a reduzi-las se a inflação continuar a sua dinâmica de descida.
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