Em entrevista à Lusa, Mário Ferreira refere que "neste momento [um reforço de posição] não está pensado" e que está "muito satisfeito com os 30%" que adquiriu, garantindo que os parceiros no negócio irão "trabalhar em conjunto e logo se verá o futuro".
Quanto aos 2,5% que detém atualmente no capital da Cofina, Mário Ferreira disse que, de momento, irá ficar com a posição.
"Tenho que a manter porque estou a perder muito dinheiro, umas centenas de milhares de euros. No dia em que puder recuperar o dinheiro que lá tenho investido ‘ao par’ [equivalente], se isso for possível, já ficava satisfeito. Obviamente que não teria comprado se não tivesse sido desafiado para aquele negócio e pouco interesse tenho em mantê-la lá", sublinhou.
O empresário, que já se tinha aliado à Cofina para comprar a Media Capital, acabou como acionista do grupo de Paulo Fernandes quando este fez um aumento de capital para esse negócio, só que entretanto a Cofina desistiu de comprar a dona da TVI.
Já sobre esta segunda operação que agora conseguiu concretizar, mas sozinho, e depois do Expresso ter noticiado que Paulo Fernandes tinha voltado a falar com a Prisa e que havia uma proposta de interesse de Marco Galinha, presidente do grupo Bel, Mário Ferreira disse ser "bom ver que poderiam existir potenciais interessados".
"Isso quer dizer que, afinal, o negócio não é assim tão mau", reforçou.
Para o futuro, o empresário pretende que a Media Capital não fique "tão dependente da publicidade, porque o desenvolvimento da área dos conteúdos será um pilar que, neste momento, serve apenas para produzir para a TVI, mas que no futuro poderá servir também para produzir conteúdos ou para outras estações em Portugal ou no estrangeiro, mas essencialmente no estrangeiro", salientou, referindo-se à produtora Plural.
Mário Ferreira recordou que a Media Capital contratou há muito pouco tempo a Boston Consulting Group "para apoiar a administração num plano estratégico, faseado e em que a primeira fase é bastante urgente", passando "não só pela reestruturação financeira".
Para o empresário é também importante perceber como é que se consegue "não só ter estabilidade financeira, ultrapassando este ano, que é um ano atípico", mas também como "conseguir já recapitalizar o grupo para passar ao ataque e ter capacidade não só de ultrapassar o ano, mas de investir pensando no futuro", salientou.
Contactos com Prisa começaram "no dia a seguir" ao falhanço da OPA sobre TVI
Mário Ferreira indicou que o contacto com a Prisa ocorreu “logo no dia a seguir” ao anúncio de que a empresa detentora do Correio da Manhã não iria avançar.
“Falámos com gente importante da Prisa, que me contactou a perguntar as razões de [a proposta da Cofina] não ir em frente e eu respondi que não sabia”, garantiu, assegurando ainda que a sua entrada no capital da empresa de media foi financiada com recurso a capitais próprios.
“Poupei, tenho poupanças, invisto-as onde me apetece e não será só neste negócio, aparecerão outros de certeza e, felizmente, temos capacidade para investir”, referiu, esclarecendo que não pretende entrar em outras empresas de comunicação social.
“Esta entrada no negócio dos media foi casual. Na altura, o Paulo Fernandes [presidente da Cofina] convidou-me para o aumento de capital da Cofina, para depois comprar a Media Capital. Achei interessante e mantive-me, a pedido da Prisa, quando não avançou no formato em que estava [previsto]”, adiantou Mário Ferreira.
“A Prisa pediu-nos ajuda para conseguir manter aquilo que queria, que era um parceiro português e estratégico”, indicou o empresário.
O também dono da Douro Azul deu ainda conta de que a sua participação foi comprada tendo por base um ‘enterprise value’ de 130 milhões de euros da dona da TVI, um valor “significativamente” abaixo ao que estava em cima da mesa aquando da operação da Cofina, de 205 milhões de euros.
Questionado sobre o desfecho desta operação, que envolveu a sua entrada como acionista da Cofina, Mário Ferreira disse que não foi “envolvido infelizmente nessa tomada de decisão [da desistência da compra da Media Capital], mas se tivesse sido o que faria era concordar”, visto que era um momento “muito complicado” e “talvez não fosse a altura adequada para fazer a operação”, reconheceu.
Ainda assim, ficou “obviamente desiludido”, mas acabou por se surpreender com uma notícia do Expresso, de que na semana passada a Cofina teria tentado voltar à mesa de negociações.
“Isso foi uma surpresa porque da primeira vez o Paulo Fernandes convidou-me para participar e nesta segunda oferta já não me convidou, nem disse nada”, tendo Mário Ferreira, por isso, concluído que “seria uma proposta alternativa” à sua.
“Obviamente [a tentativa] é hostil, porque para pessoas chegadas e com a confiança que eu entreguei ao Paulo Fernandes, penso que merecia outro tipo de consideração”, lamentou.
A Prisa anunciou hoje que Mário Ferreira comprou 30,22% da Media Capital, através da Pluris Investments, numa operação realizada por meio da transferência em bloco das ações por 10,5 milhões de euros.
Em comunicado ao regulador espanhol CNMV, a Prisa refere que a Vertix SGPS, sua subsidiária, e a Pluris Investments, empresa de Mário Ferreira e Paula Ferreira, firmaram "a aquisição pela Pluris de ações representativas de 30,22% do capital social da subsidiária portuguesa da Prisa, grupo Media Capital SGPS".
"A operação foi realizada por meio de transferência em bloco das ações por um preço de 10.500.000 euros", adiantam em comunicado.
Por: Alexandra Noronha da agência Lusa
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