É o mais recente colapso de um pilar da indústria das criptomoedas, com vários episódios a causarem perdas substanciais de ativos dos investidores, gerando apelos urgentes à regulação do setor.
A bitcoin estava a ser negociada a cerca de 22.400 dólares (21.528 euros) no final da segunda-feira, tendo caído mais de 16% nas últimas 24 horas.
A ethereum, outra criptomoeda popular, caiu cerca de 17%.
No domingo, a Celsius Network – que oferece produtos com juros para clientes que depositam criptomoedas na plataforma, para depois emprestar os ativos digitais de forma a obter retorno – anunciou a suspensão de todos os levantamentos e transferências entre contas a fim de “honrar, a longo prazo, as obrigações de levantamento”.
A Celsius, que conta com mais de 1,7 milhões de clientes e mais de 10 mil milhões de dólares (9,6 mil milhões de euros) em ativos, não deu qualquer indicação sobre quando permitiria aos utilizadores aceder aos respetivos fundos.
Em troca dos depósitos dos clientes, a empresa pagava rendimentos que ultrapassavam mais de 19% em algumas contas.
Plataformas de crédito como a Celsius foram recentemente objeto de críticas porque oferecem rendimentos que os mercados normais não suportam, com alguns especialistas a classificarem estas operações de esquemas Ponzi.
Este é o segundo colapso de grandes dimensões no universo das criptomoedas em menos de dois meses. A criptomoeda Terra implodiu no início de maio, fazendo desaparecer fortunas numa questão de horas. As chamadas criptomoedas estáveis, como era considerada a Terra, eram vistas como relativamente seguras, porque devem ser suportadas por ativos duros, tais como uma moeda ou ouro.
Tal como a Terra, a plataforma Celsius apresentava-se como um investimento seguro, neste caso para os detentores de criptomoedas depositarem fundos. Mesmo quando a Celsius estava a falhar, o ‘site’ da empresa anunciava que os utilizadores podiam “aceder às suas moedas sempre que quisessem, mantê-las seguras para sempre”.
“Há muito trabalho pela frente, pois consideramos várias opções, este processo levará tempo, e pode haver atrasos”, disse a Celsius em comunicado.
Não está claro se os depositantes da Celsius irão recuperar todos os fundos. Uma plataforma como esta não é regulada como um banco, pelo que não há seguro de depósitos nem enquadramento legal que assegure a recuperação do dinheiro, como no caso de uma falência.
É possível que os investidores da Celsius, que incluem o fundo de pensões do Quebeque (Canadá) e o conhecido fundo de capital de risco WestCap, possam recuperar o investimento antes de outros depositantes da Celsius.
“Esta foi mais uma corrida ao banco. Não se está a reinventar nada aqui. Estavam a promover os seus serviços como uma conta poupança reforçada, mas no final, são apenas mais um credor sem garantia”, disse Cory Klippsten, CEO da Swan Bitcoin, que há anos que se tem mostrado publicamente cético em relação ao modelo de negócios da Celsius.
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