Num relatório hoje divulgado, a agência de notação financeira alerta, contudo, para o desafio que será cumprir nos próximos dois anos os ajustamentos estruturais impostos pela Comissão Europeia (CE): “Embora antecipemos que o défice deverá continuar a cair para 1,8% [em 2017], Portugal corre o risco de não cumprir os ajustamentos fiscais estruturais da CE este ano e as medidas necessárias para garantir as reduções previstas do défice nos próximos anos ainda não foram suficientemente detalhadas”, sustenta.
De acordo com o vice-presidente e analista sénior da Moody’s, Evan Wohlmann, a recomendação da CE de saída de Portugal do PDE “reconhece a performance fiscal acima das expectativas em 2016, ano em que o défice orçamental caiu para 2,0% dos 4,4% de 2015, e a convicção da CE, que partilhamos, que o défice permanecerá abaixo do limite de 3% durante 2017 e 2018”.
“Adicionalmente – refere - as exigências mais rígidas ao nível das provisões fiscais que Portugal terá que cumprir estando fora do PDE contribuirão para promover a consolidação fiscal e a redução da dívida”.
Segundo a Moody’s, “apesar de em 2016 as receitas terem ficado aquém do orçamentado, a significativa redução das despesas (nomeadamente em gastos de capital) e o controlo apertado nos gastos com bens e serviços foram suficientes para reduzir o défice português para um nível mais baixo do que o previsto” pela agência de notação.
“Esperamos que a recomendação da CE venha agora reforçar a confiança dos investidores e contribuir para manter condições favoráveis de financiamento do país”, acrescenta.
A Comissão Europeia recomendou na segunda-feira ao Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin) o encerramento do Procedimento por Défice Excessivo aplicado a Portugal desde 2009.
Bruxelas defendeu também que Portugal deve garantir que a correção do défice excessivo é duradoura e que "serão necessárias mais medidas a partir de 2017" para cumprir as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC).
Portugal terá, assim, de "prosseguir o seu esforço orçamental em linha com as exigências do braço preventivo do PEC, o que implica um esforço orçamental substancial em 2018", acrescentou o executivo comunitário.
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