“Não queremos 20%, nem 50%, nem 75%, queremos o que fraudulentamente nos roubaram”, afirma o Grupo de Lesados do Papel Comercial e Lesados Emigrantes em comunicado, no qual sublinha que “os protestos vão continuar até que devolvam na íntegra aquilo que extorquiram vergonhosamente dentro de um banco que garantia segurança máxima”.
A manifestação está marcada para as 11:00, nas imediações do balcão do Novo Banco e do Banco de Portugal, na Avenida dos Aliados, e a nota dirigida à imprensa é assinada por quase centena e meia de pessoas.
“A solução de pagamento aos lesados do BES é outra fraude se vier a ser aprovada, quem nos deve é o Novo Banco [NB] que tem as nossas contas, devem 100% o dinheiro que entregamos aos gestores. NÃO QUEREMOS 20% nem 50% nem 75%, QUEREMOS o que fraudulentamente nos roubaram”, lê-se no comunicado.
“O Banco de Portugal determinou expressamente ao BES a criação de uma conta Escrow, este é um momento chave que dispensou os clientes de irem levantar o capital e garantia o reembolso dos clientes. Os clientes de retalho tinham essa carta de conforto”, referem os lesados, que lamentam que o Novo Banco tenha usado “as provisões para outros fins”.
Na nota de imprensa acrescentam: “O NB trabalha há mais de 3 anos com o dinheiro que nos pertence, contra a nossa vontade e tem responsabilidades nas vidas destruídas, nas mortes que estão a ocorrer devido a esta vigarice, e nos danos morais que incompreensivelmente ao apoderar-se da provisão destinada a ressarcir os clientes de retalho têm sujeitado as vítimas desse roubo”.
“A resolução de um banco deve ser feita, de forma a produzir ao mínimo os danos morais, não é o que aconteceu, nem está acontecer”, sublinham, apelando ao "bom senso" do Governo, do Banco de Portugal (BdP) e dos responsáveis do Novo Banco.
Na passada quinta-feira o Governo confirmou que a primeira parte da indemnização aos lesados do papel comercial do BES vai ser assegurada diretamente com dinheiro do Estado, de cerca de 140 milhões de euros, prevendo-se que aqueles clientes recebam estas compensações em abril.
O Governo propôs alterar parte do desenho da solução para os clientes do antigo BES com papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES): em vez de prestar uma garantia estatal ao fundo de recuperação de crédito para este se financiar junto da banca de modo e poder pagar aos lesados, como tinha sido inicialmente negociado, o Estado prepara-se para emprestar diretamente dinheiro ao fundo.
O BES, tal como era conhecido, acabou em 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.
O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num ‘banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o ‘banco mau' (‘bad bank'), sem licença bancária.
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