"A proposta do China Minsheng Bank, sendo melhor a nível de valor, nunca chegou a ser transacionável porque no momento em que foi necessária a apresentação de elementos que confirmassem a capacidade tal não aconteceu", afirmou o responsável durante a sua audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA).
Segundo Sérgio Monteiro, a determinada altura, foi pedido ao grupo chinês que provasse a "existência de fundos para injetar o capital que se propunha injetar".
Mas tal não aconteceu "nem dentro do prazo inicial, nem dentro do prazo estendido, nem dentro do prazo final", vincou.
A proposta do China Minsheng Bank era a única que pendia para uma "venda em mercado", conforme salientou Sérgio Monteiro, enquanto as outras quatro propostas que surgiram em 2016 implicavam uma "venda estratégica".
Do lado do vendedor, Sérgio Monteiro reconheceu que era importante "manter a tensão competitiva" entre os concorrentes, mas dada a falta de prestação de garantias por parte do grupo chinês foi necessário "avançar só pela venda fora de mercado".
Questionado porque não foi escolhida a hipótese de colocar o Novo Banco diretamente no mercado, sem contar com um parceiro (como seria o China Minsheng Bank), o antigo secretário de Estado do Governo PSD/CDS-PP disse que, caso tal acontecesse, seria a primeira vez que um banco de transição seria colocado em bolsa e que era recomendável a existência de um "investidor âncora".
Além disso, havia reservas às contas do Novo Banco - relacionadas com os ativos por impostos diferidos - que impediam que uma oferta pública de venda fosse feita, por exemplo, junto dos investidores norte-americanos.
"Percebemos que não podíamos ir para o mercado de capitais", rematou Sérgio Monteiro.
O Governo e o Banco de Portugal assinaram em março um acordo com o fundo norte-americano Lone Star para a venda de 75% do Novo Banco, mantendo o Fundo de Resolução os 25% de participação restantes.
A Lone Star não pagará qualquer preço pelo Novo Banco, tendo acordado injetar 1.000 milhões de euros no banco para o capitalizar, dos quais 750 milhões quando o negócio for concretizado e os outros 250 milhões até 2020.
Já o Fundo de Resolução ficou com a responsabilidade de compensar o Novo Banco por perdas que venham a ser reconhecidas com os chamados ativos 'tóxicos' e alienações de operações não estratégicas, caso ponham em causa os rácios de capital da instituição, no máximo de 3,89 mil milhões de euros.
A concretização do negócio de venda do Novo Banco ainda está sujeita a três condições.
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