O NEST - Centro de Inovação do Turismo - apresentou esta terça-feira publicamente o NEST Health and Tourism Lab, um laboratório de inteligência colaborativa para a Saúde e o Turismo, em parceria com a NOVA Medical School. O anúncio foi feito numa semana em que se realizam várias iniciativas associadas ao setor, cujo dia mundial se celebra a 27 de setembro, e na data em que o centro de inovação assinala dois anos.
O NEST Health and Tourism Lab vai centrar-se em três domínios: Saúde, Sustentabilidade e Transformação Digital, três áreas que serão decisivas para o futuro do setor do turismo. Do ponto de vista prático, este centro de inteligência colaborativa vai apoiar-se numa rede de colaboração entre o NEST - Centro de Inovação do Turismo e a NOVA Medical School que tem como primeiros projetos o estabelecimento de uma parceria com a Universidade Técnica do Atlântico em Cabo Verde e o lançamento na próxima versão da certificação Clean & Safe.
"Estamos muito empenhados nesta parceria que traz muitos recursos a uma indústria que representa 26% do Produto Interno Bruto de Cabo Verde. Em 2019, tivemos 900.000 turistas e ambicionamos chegar rapidamente ao milhão. Satisfaz-nos fazer parte desta fusão de conhecimento e inovação", disse o ministro das Comunidades de Cabo Verde, Jorge Santos, na sua intervenção no evento "Cuidar do Presente e Pensar o Futuro".
Criado seis meses antes da pandemia de Covid-19, o NEST tem como membros fundadores, além do Turismo de Portugal, a NOS, o BPI, o Millennium BCP, a ANA, o Google, a Brisa Via Verde e a Microsoft. O objetivo foi reunir entidades com valências diferentes para o setor do turismo numa ótica de antecipar tendências e dar resposta a necessidades transversais. Em março de 2020, quando o primeiro confinamento deixou claro que o turismo seria um dos setores mais fortemente impactados pela pandemia, o NEST focou esforços em ser uma espécie de acelerador de processos de mudança e ajustamento, nomeadamente nas áreas da digitalização, da adaptação de processos de resposta ao novo contexto de saúde pública e também nas respostas de sustentabilidade.
Foi também o resultado desses 18 meses que foi partilhado, nomeadamente com exemplos de novas soluções em teste no Future Labs Hotel, sediado na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal e onde várias startups desenvolvem projetos de inovação. Entre estes projetos, está o da Xoltar, uma startup israelita que desenvolveu uma tecnologia suportada em inteligência artificial desenhada para ler emoções humanas e propor, através de um avatar, respostas que ajudem a melhorar a experiência de cada visitante. Outra proposta é a da Noytral, uma empresa portuguesa que criou um dispositivo que vai conseguir medir a pegada ecológica dos quartos de hotel, nomeadamente no que aos consumos de água e eletricidade.
A estes exemplos juntam-se soluções, como a aplicação Talk2Me criada para partilhar informação cultural de forma simples e rápida. É um messenger bot, que funciona através de QR Code, e esclarece os visitantes curiosos sobre co que vêm numa exposição ou numa iniciativa cultural, tendo tido a sua estreia no Wool, festival artístico, na Covilhã, que exibe maioritariamente murais coloridos. A GuestAcess foi outro dos projetos desenvolvidos durante a pandemia e trata-se de uma aplicação que permite a quem tem necessidades especiais avaliar a oferta existente nos locais a visitar, nomeadamente ao nível da incorporação de soluções que garantam uma experiência turística inclusiva.
“Estes desenvolvimentos vão impulsionar as empresas na diferenciação e competitividade, contribuindo para criar uma marca distintiva, para factores críticos de sucesso. Neste dia, queremos abrir uma janela para o futuro da academia, startups e entidades que têm vindo a estabelecer redes colaborativas. Pretendemos alinhar as necessidades do setor às tendências emergentes, dando origem a projetos e colaborações inovadoras que tornam Portugal um destino único, com foco nos projetos e colaborações desenvolvidas pelo NEST, de promoção da inovação na digitalização do setor. Queremos mostrar o impulso que a tecnologia e o conceito de sustentabilidade dão às empresas.”, afirmou Roberto Antunes, diretor executivo do NEST.
"Este ano e meio libertou-nos de preconceitos e tornou-nos mais ágeis"
Durante o painel que reuniu os fundadores do NEST e em que se discutiu a visão para o futuro do turismo depois dos 18 meses de pandemia, o otimismo face a uma nova etapa foi doseado com prudência e com a necessidade de gestão de expectativas sobre o momento do "grande regresso". A ideia de que a retoma do setor será gradual foi a tónica dominante, bem como a de que as mudanças impostas pela pandemia precisam de tornar-se práticas efetivas e não temporárias.
"Um pequeno espirro pode ter grandes efeitos nesta indústria. O NEST traz resistência às adversidades. O NEST tem colado as soluções para optimizar as reações e os resultados. Este ano e meio libertou-nos de preconceitos e tornou-nos mais ágeis", afirmou o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, para quem o turismo "que já era indústria da paz é a agora a indústria do planeta".
A sustentabilidade e a saúde pública são, daqui para a frente, temas decisivos na decisão de quem viaja e, para os fundadores do NEST, estas são áreas em que Portugal tem já uma oferta pensada a somar aos valores que sempre distinguiram o país enquanto destino turístico. É também neste quadro que, frisou o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, a parceria anunciada com a Nova Medical School permite dotar o setor de mais ferramentas e capacidade de análise.
O evento contou com as presenças da secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, o diretor da NOVA Medical School, Jaime Branco, o ministro das Comunidades de Cabo Verde, Jorge Santos, o embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro e a Reitora da Universidade Técnica do Atlântico, Rafaella Gozzelino.
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