“Nunca escondemos o desfio que [o PRR] era, sobretudo no momento em que vivemos hoje em dia, quando se assinala um ano da guerra na Ucrânia […], que também coloca desafios à economia portuguesa, além de colocar à europeia e mundial”, assinalou a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, que falava numa conferência de imprensa conjunta, em Lisboa, com os ministros da Economia e do Ambiente.
A Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR (CNA-PRR) apresentou, esta semana, o seu relatório de 2022, deixando alguns reparos tendo em vista a aceleração do plano.
Foram identificados, no total, 15 investimentos em estado preocupante ou crítico devido a fatores como atrasos nas candidaturas ou metas demasiado ambiciosas.
No que se refere à medida que prevê a atribuição de computadores a estudantes, Mariana Vieira da Silva adiantou que o Ministério da Educação está a preparar mudanças nos termos de responsabilização que os beneficiários têm que assinar, mas também melhorias na comunicação com as famílias.
Por sua vez, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, disse que, em 2022, foram desenvolvidas todas as condições para o funcionamento do Banco Português de Fomento.
No que se refere ao programa Consolidar, defendeu que “está a correr muito bem”, com as manifestações de interesse a superar os 1.200 milhões de euros.
Já sobre o Portugal Ventures Capital, referiu que estão contratados 303 milhões de euros.
“As críticas referem-se ao programa de recapitalização estratégica que tem duas janelas. A janela A implica parar em determinadas condições de mercado e utilizar coinvestidores. Em causa está uma negociação a três – Banco de Fomento, coinvestidores e beneficiários. Penso que o programa vai, pouco a pouco, desenvolver a sua velocidade cruzeiro”, explicou.
Em termos das agendas mobilizadoras, outro ponto analisado pela CNA-PRR, o ministro avançou que 23 estão assinadas e a arrancar, sendo que outras sete apresentam “alguns problemas”.
Contudo, vincou que todos os programas têm que arrancar “nas melhores condições porque o que nasce torto, depois é difícil de endireitar”.
Costa Silva lembrou que já foi efetuado o reforço do IAPMEI com mais 36 pessoas no ano passado, estando a decorrer um novo processo de recrutamento, que deverá terminar no final deste semestre.
Perante os reparos da comissão aos programas ligados à descarbonização, o ministro da Economia notou que se trata de medidas muito complexas.
No mesmo ‘briefing’, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, destacou que dos 22 projetos e programas sob a sua alçada, 16 foram considerados como alinhados com o planeado, sem sinalização ou necessidade de acompanhamento, enquanto seis são tidos como preocupantes e um como critico.
“A Comissão Nacional de Acompanhamento considerou preocupante o programa emparcelar para ordenar. Este é um programa para o qual lançámos avisos e o nível de execução não foi o desejado. Vamos procurar melhorar o programa, simplificando-o”, explicou.
Em termos dos programas ligados à eficiência, Duarte Cordeiro disse que houve o reconhecimento de que estes “vêm mal instruídos”, dificultando o trabalho das equipas de avaliação.
Ainda assim, garantiu que existem verbas suficientes para aprovar todas as candidaturas apresentadas na componente da administração pública.
No que diz respeito aos serviços, o executivo lançou um aviso de 40 milhões de euros, com as candidaturas a superarem este montante.
“Estamos a procurar acelerar a apreciação das candidaturas e a tentar reforçar as verbas para aproveitar todas as candidaturas feitas no setor dos serviços. A decisão ainda não foi tomada, mas deverá ser em breve”, acrescentou.
Duarte Cordeiro apontou também que os vales eficiência não estão a ter o resultado esperado, por isso, o Governo quer melhorar o programa, analisando agora a possibilidade de o abrir a imóveis arrendados, atribuir mais do que um vale em função das candidaturas e melhorar as parcerias.
O programa de hidrogénio verde foi igualmente considerado pela CNA-PRR como preocupante, mas o executivo acredita que será o que “mais rapidamente se vai transformar”.
O ministro do Ambiente admitiu ainda atrasos na construção da linha violeta do metro de Lisboa, esperando lançar o concurso para a contratação de empreitada e material circulante no primeiro semestre, caso a declaração de impacte ambiental seja favorável.
O montante total do PRR (16.644 milhões de euros), gerido pela Estrutura de Missão Recuperar Portugal, está dividido pelas suas três dimensões estruturantes – resiliência (11.125 milhões de euros), transição climática (3.059 milhões de euros) e transição digital (2.460 milhões de euros).
As três dimensões do plano apresentam uma taxa de contratação de 100%.
Da dotação total, cerca de 13.900 milhões de euros correspondem a subvenções e 2.700 milhões de euros a empréstimos.
Este plano, que tem um período de execução até 2026, pretende implementar um conjunto de reformas e investimentos tendo em vista a recuperação do crescimento económico.
Além de ter o objetivo de reparar os danos provocados pela covid-19, este plano tem ainda o propósito de apoiar investimentos e gerar emprego.
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