Num documento de 120 páginas, intitulado “Visão Estratégica para o plano de recuperação económica e social de Portugal 2020-2030″, António Costa Silva deixa o alerta no segundo parágrafo do documento: não vale a pena ter “ilusões”.
“A crise sanitária causada pela doença Covid-19 traz consigo uma profunda recessão económica que tem características globais e que vai ferir profundamente a nossa economia”, alerta o autor.
António Costa Silva lembra que as previsões para a economia portuguesa e mundial têm vindo a ser revistas e adianta que Portugal “pode vir a enfrentar uma das piores crises da sua história” e que “a queda do PIB [Produto Interno Bruto] em 2020 pode chegar aos 12%.”
Um valor que é muito superior à recessão prevista pelo Governo no Orçamento Suplementar aprovado recentemente na Assembleia da República e que previa uma queda do PIB de 6,9%, mas que o executivo também já admite rever.
“Dada a incerteza atual não vamos já atualizar as nossas projeções macroeconómicas, que oportunamente faremos atualizar em função da evolução económica”, afirmou na quinta-feira o ministro das Finanças, João Leão, em declarações à Lusa.
Para justificar a queda tão acentuada da economia, António Costa Silva prevê que o consumo possa registar uma queda de 11% em 2020, o investimento 26% e admite que a taxa de desemprego possa chegar aos 11,5%.
“A dimensão do desafio é gigantesca e a necessidade de respostas é urgente”, lê-se no documento.
António Costa Silva alerta ainda que “a partir de setembro de 2020, a situação de muitas empresas pode deteriorar-se significativamente e é fundamental existir no terreno um programa agressivo para evitar o colapso de empresas rentáveis.”
Outro fator salientado pelo consultor do Governo é o tempo que irá mediar entre “a significativa deterioração da economia no segundo semestre de 2020″ e a chegada da ajuda europeia no próximo ano.
“Pode ser fatal para muitas empresas se não existirem respostas adequadas”, alerta.
No início de junho, o Governo confirmou que António Costa e Silva tinha sido convidado para coordenar a preparação do programa de recuperação económica e que este tinha aceitado esse convite “como contributo cívico e ‘pro bono'”.
Segundo o Governo, o objetivo era que o trabalho preparatório estivesse concluído quando o Governo aprovasse o Orçamento Suplementar, altura em que o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, assumiria a “direção da elaboração do programa de recuperação”.
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