A Standard and Poor’s (S&P) decidiu hoje melhorar o ‘rating’ atribuído à dívida soberana portuguesa de ‘BB+’, a nota mais elevada de ‘lixo’, para ‘BBB-‘, a mais baixa de investimento, dispensando o passo intermédio habitual de subir a perspetiva de ‘estável’ para ‘positiva’, antes de o fazer.
“É uma excelente notícia para Portugal, para as empresas, para todo o setor empresarial e produtivo em Portugal e para as famílias, com certeza. Isto significa uma redução muito significativa dos custos de financiamento de toda a economia portuguesa”, afirmou Mário Centeno, em declarações por telefone à agência Lusa.
Para o ministro, a saída de ‘lixo’ baseia-se “no cumprimento dos compromissos do Governo português” no setor financeiro e orçamental e na composição do crescimento, garantindo que esses compromissos são para cumprir.
Questionado pela Lusa sobre se a decisão da S&P altera as opções políticas para o Orçamento do Estado para 2018, Mário Centeno disse que “traz resiliência e sustentabilidade para o futuro; não traz, neste momento, uma alteração significativa das condições em que podemos desenhar o OE2018″, até porque, acrescentou, as Finanças já estavam a trabalhar sobre um cenário da descida dos juros da dívida portuguesa.
“Todos nós sabemos que as condições da política monetária na Europa estão a alterar-se, o período já muito longo de taxas muito baixas pode nos próximos meses (num ano, ano e meio) vir a alterar-se. E era absolutamente crucial para a economia portuguesa que a sua dívida entrasse neste clube mais restrito de dívidas que são consideradas de investimento, porque é essa a melhor garantia que nós temos para a estabilidade do processo orçamental e financeiro português no futuro”, sublinhou o governante.
Para o ministro, esta revisão em alta abre a dívida pública portuguesa a “um vasto mercado de investidores que, pelas suas regras, estavam condicionados ou impedidos de investir em dívida portuguesa”.
Questionado ainda as preocupações da S&P sobre o setor financeiro, que continua “sob pressão”, e o elevado endividamento privado, Mário Centeno disse que “esses alertas também são reconhecidos pelo Governo”, que “continua a implementar medidas sobre essas dimensões”.
Num comunicado divulgado anteriormente, o Ministério das Finanças afirmava que a revisão em alta do ‘rating’ da dívida soberana portuguesa “abre caminho ao alargamento da base de investidores na dívida da República portuguesa” e que “traduz o crescente reconhecimento, por parte de agentes institucionais e privados, do progresso notável que Portugal tem vindo a fazer na economia e nas contas públicas”.
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