Em comunicado, a S&P afirma que manteve a nota de 'BB+' atribuída a Portugal, que é a primeira do nível de não investimento ou investimento especulativo (o chamado 'lixo'), com perspetiva 'estável', o que significa que a nota deve manter-se na próxima revisão, marcada para 15 de setembro.
"O 'rating' continua constrangido por um endividamento público e privado elevado. Além disso, embora o crescimento económico se tenha tornado mais firme na segunda metade do ano, o sistema bancário continua fraco", justificam os analistas da agência norte-americana.
Pelo lado positivo, a S&P destaca a "consolidação orçamental em curso, as melhorias no perfil de maturidade da dívida pública e a política monetária acomodatícia do Banco Central Europeu (BCE)".
A S&P estima que a economia portuguesa cresça 1,6% este ano, depois de ter avançado 1,4% no ano passado, prevendo que esta "recuperação económica modesta" tenha contributos positivos "de todos os setores".
Ainda assim, a agência admite que a economia portuguesa ainda está vulnerável, sobretudo perante uma deterioração das condições de financiamento externo, "apesar da queda das taxas de juro após as medidas de política monetária do BCE".
"Por exemplo, no nosso ponto de vista, o setor bancário português vai sofrer para melhorar a sua rentabilidade e eficiência e a capacidade de gerar ganhos permanece sob uma pressão significativa dadas as taxas de juro muito baixas e o elevado 'stock' de ativos problemáticos", refere a S&P, lembrando que a maioria dos bancos está a passar por uma reestruturação relevante.
Do ponto de vista da agência de notação, "os maiores bancos ainda têm problemas significativos para resolver ou estão a passar por alterações significativas, embora estejam a fazer progressos". A S&P congratula-se com a decisão do Governo para recapitalizar a Caixa Geral de Depósitos (CGD).
"Veríamos como positivo passos adicionais dados pelas autoridades e pelos bancos para reduzir o nível elevado de ativos problemáticos nos balanços dos bancos o que, na nossa opinião, melhoraria as condições de crédito à economia e fortaleceriam o mecanismo de transmissão monetária", referem os analistas da S&P.
A agência estima que o défice orçamental de 2016 represente 2,4% do PIB e resume a estratégia do Governo: "além da menor despesa com juros, de adiamentos de investimento público, do congelamento das dotações orçamentais no final de 2016 e do impacto orçamental da recuperação cíclica, o desfecho foi ajudado em 0,25% do PIB" com o Programa Especial de Redução do Endividamento ao Estado (PERES).
A S&P prevê que a dívida pública seja de 118% do PIB este ano, sem incluir o reembolso da injeção feita no Fundo de Resolução para a recapitalização do Novo Banco ou "potenciais custos adicionais relacionados com o risco de litigância associadas a contratos 'swaps' de entidades públicas".
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