“A ver os números de agosto que mencionei ontem [quinta-feira], que são os últimos disponíveis, a ter em conta que setembro, ao que sei, não foi mau. Portanto, ou há uma catástrofe em novembro e dezembro ou não há razão nenhuma para que 2024 não seja um ano melhor do que 2023, logo um novo ano recorde”, disse hoje o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, à Lusa, à margem do 49.º Congresso APAVT, que decorre em Huelva (Espanha).
Os últimos números do setor de 2024 dizem respeito a agosto e estes indicam, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) em 14 de outubro, que nos primeiros oito meses do ano, as dormidas cresceram 4,1%, atingindo 55,1 milhões, dando origem a aumentos homólogos de 10,5% nos proveitos totais do alojamento turístico e de 10,4% tendo em conta só os de aposento, para 4.500 e 3.500 milhões de euros, respetivamente.
Já dados do Banco de Portugal, conhecidos em 18 de outubro, indicam que de janeiro a agosto as receitas turísticas, ou seja, as despesas dos turistas estrangeiros no âmbito de uma viagem ou estadia em Portugal, já totalizam 19,1 mil milhões de euros, o que compara com 17,5 mil milhões registados no período homólogo.
O presidente do Turismo de Portugal, Carlos Abade, lembrou, na quinta-feira em Huelva, que em 2023, Portugal atingiu 25,1 mil milhões de euros de receitas turísticas, “muito perto dos 27 mil milhões que estavam previstos para 2027”.
“Para que pudéssemos atingir este ano os 27 mil milhões de receitas — que era o valor previsto para 2027 — precisávamos de apenas crescer 7,6%, significa que provavelmente não só atingiremos no final deste ano os 27 mil milhões de euros, como provavelmente o ultrapassaremos”, afirmou.
Há um mês, em 27 de setembro, por ocasião do Dia Mundial do Turismo e sem dados ainda de agosto, agentes do setor disseram à Lusa acreditar que 2024 seria positivo, mas de consolidação de resultados, após um 2023 recorde.
Na altura, o presidente da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, Bernardo Trindade, instado a comentar o desempenho, lembrava que “o maior adversário do ano 2024 foi o [resultado] alcançado em 2023”, o melhor ano de sempre para o setor.
“Dependendo das regiões, teremos em 2024 diferentes comportamentos: a Madeira, o verão no Algarve, os hotéis em Lisboa e no Porto, com pouco peso da restauração, terão um bom 2024. Teremos mais receitas, mas teremos mais custos. O resultado, a diferença entre receitas e custos, em 2024 é ainda uma incógnita”, dizia.
Por seu lado, o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) considerava, que “o Turismo encontra o seu dia cheio de boas notícias, desafios e incertezas”.
“A certeza de um bom resultado turístico, que consolida em 2024 o melhor ano de sempre (2023), uma série de desafios importantes, relacionados com a vontade de segurar preços, garantindo qualidade, num contexto de dificuldades internas (aeroporto estrangulado, falta de mão de obra, contextos económicos interno e externo de alguma dificuldade) e, finalmente, um contexto de incerteza brutal, sobretudo, por causa das guerras importantes que se travam na Ucrânia e no Médio Oriente”, referia Pedro Costa Ferreira.
O 49.º Congresso APAVT, que decorre em Huelva, Andaluzia, Espanha, decorre até 26 de outubro e conta com 750 congressistas.
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