
"Estamos particularmente preocupados com as operações contra a empresa Vodovod Ibar, em Mitrovica do Norte, e a central de abastecimento de água e serviços públicos Zubin Potok, que prestam serviços públicos básicos às comunidades que vivem na parte norte do Kosovo", declarou a porta-voz da chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, num comunicado.
A Alta Responsável da UE para a Política Externa e de Segurança sublinhou que "as ações unilaterais e descoordenadas minam os esforços para criar confiança entre as comunidades".
Instou, por isso, o primeiro-ministro kosovar cessante, Albin Kurti, e as autoridades do Kosovo a "pôr termo a estes encerramentos, a usar de contenção e a evitar medidas que aumentem as tensões".
A porta-voz instou também o Kosovo e a Sérvia a "empenharem-se de forma construtiva" no diálogo facilitado pela UE, a fim de aplicarem o acordo para a normalização de relações e respetivo anexo, bem como outros pactos alcançados nesse âmbito, "sem mais demora nem condições prévias".
Kallas esclareceu que tal inclui a criação da Associação/Comunidade de Municípios de Maioria Sérvia e lembrou que a normalização das relações "é uma condição essencial na via europeia para ambas as partes".
Precisamente hoje, a Presidente do Kosovo, Vjosa Osmani, criticou a UE pelo "bloqueio total" ao país, um aliado próximo nos Balcãs, enquanto "abre as portas àqueles que vão a Moscovo para se encontrarem com [o Presidente russo, Vladimir] Putin", referindo-se ao Presidente sérvio, Aleksandar Vucic.
À chegada à 6.ª cimeira da Comunidade Política Europeia (CPE), em Tirana, a chefe de Estado kosovar sublinhou que o Kosovo está "100% alinhado com as políticas da UE", incluindo as sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, em 2022.
A Sérvia e o Kosovo mantêm relações tensas, uma vez que Belgrado não reconhece a independência da antiga província sérvia habitada por albaneses, que proclamou a independência em 2008.
Há uma década que Bruxelas negoceia com a Sérvia a entrada do país balcânico na UE, embora o processo tenha feito poucos progressos nos últimos anos na ausência de reformas internas consideradas essenciais.
As declarações de Osmani surgem num contexto de crescente frustração em Pristina devido ao impasse do processo de alargamento da UE.
O Kosovo candidatou-se à adesão ao bloco comunitário europeu em 2022, mas a falta de reconhecimento por parte de cinco Estados-membros (Espanha, Eslováquia, Grécia, Chipre e Roménia) e o impasse no diálogo com a Sérvia impedem o avanço no sentido da integração europeia.
De momento, o Kosovo é considerado pela UE um país potencialmente candidato à adesão.
ANC // EJ
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