A Tininha anunciou o seu regresso para a TVI, para espanto do país. Parece que foi ontem que fez um discurso melodramático nos Globos de Ouro, com a Nossa Senhora estampada no blazer, ou que não descartou a hipótese de convidar o Ventura para o seu programa, ou que perguntou ao médico do programa porque é que a covid só infectava chineses, ou que piscou o olho a uma possível candidatura a Presidente da República. Bons tempos. A verdade é que nem precisa de ser eleita para PR, quando já é inequivocamente a Rainha de Portugal. Volta então para mandar na TVI, e acalmou os fãs com uma declaração em que esbanja humildade, dizendo que olhou para lá e percebeu que fazia falta. Ainda sabe o lugar das estacas se um dia tiver de volta à feira, mas agora que comprou parte da TVI, a seguir compra a própria feira e depois Portugal inteiro, para nos transformar a todos num enorme programa da manhã.
O outro badalado regresso foi o do Messias do futebol, o do Ferrari, o melhor treinador português de todo o sempre de todos os desportos, Jorge Jesus. Entre benfiquistas pouco alegres com a notícia, e uma batalhão de adeptos do Flamengo que nas redes sociais ameaçam vir a Portugal destruir o Estádio da Luz, a verdade é que vamos voltar a ter todas as semanas conferências de imprensa com o Jesus. E sabemos o quanto o país ganha com isso, principalmente numa altura em que precisamos de alegria.
Por último, Ricardo Salgado, o Dono Disto Tudo, com mais detalhes sobre toda a neblina de corrupção que pauta toda a sua vida, a saber-se mais uma fraude de 11,8 milhões de euros. Tendo em conta o RSI médio em Portugal é de 117€, só este buraquinho do Salgado dava para mais de 100.000 prestações a pessoas que realmente precisam de apoios sociais. Mas do alto de toda a sua humildade, continua a dizer que nunca fez nada de errado, que não prejudicou o país, que é só um grande e benemérito banqueiro. Bem, e tenho que deixar por escrito que nesta parte não quero de maneira alguma pôr o Ricardo no mesmo saco (azul ou de outra cor qualquer) que os outros.
Apenas acho curioso a junção destes três vultos, estas sumidades nacionais, como as grandes maravilhas da humildade desta semana.
A Cristina Ferreira, o Jorge Jesus e o Ricardo Salgado entram num bar chamado Portugal, e o bar não aguenta e implode. Às tantas nem era assim tão má ideia.
Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:
-The Age of Survellance Capitalism: um livro extenso sobre um dos temas mais preocupantes da actualidade.
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