348 a favor, 274 contra. Este foi o resultado da votação da reforma dos direitos de autor, que incluía artigos como o 13 e o 11. No momento em que se soube do desfecho desta votação, os autores de memes começaram a demonstrar o seu luto, sabendo que a história tinha tomado um novo, muito mais negro, rumo.
Diogo, hoje com 93 anos, recorda o dia em que deixou de poder utilizar GIFs de citações da Phoebe dos Friends para ilustrar a sua vida amorosa em conversas no Twitter. "Foi muito desagradável. Acabaram com a Internet ali. Os eurodeputados deviam ter dado ouvidos ao Wuant (na altura YouTuber de sucesso, mais tarde secretário de Estado da Cultura e posteriormente Presidente do Conselho de Ministros)".
A produção de memes havia explodido no fim da primeira década do século XXI e, por volta de 2019, quase toda a gente tinha sido autora de, pelo menos, um meme. A aprovação do artigo 13 foi um golpe duro no pensamento artístico da altura.
"Conheci os memes na altura do 9GAG. Ali por 2012, usava muito o trollface. Até havia uma aplicação em que dava para pôr a cara de troll na cara de pessoas e fiz isso com uma fotografia da minha professora de MACS (Matemática Aplicada às Ciências Sociais), cheguei até a imprimir. Fui suspenso", revela Luís, 101 anos. "O Artigo 13 acabou com essa produção criativa de alto gabarito intelectual".
A cultura meme influenciou as gerações do início do século. A 26 de Março de 2019, os jovens disseram o adeus definitivo ao "Forever Alone", ao "Scumbag Steve", à "Overly Attached Girlfriend", ao "Y U NO Guy", ao "Ridiculously Photogenic Guy" e ao próprio "Bad Luck Brian". A partir da aprovação da directiva da União Europeia, milhares de artistas de memes queimaram os seus discos externos em enormes fogueiras no Terreiro do Paço e recusaram-se a produzir mais memes, com medo da pena de prisão.
Os anos que se seguiram foram de marasmo, soturnidade e circunspecção. Segundo o trabalho de alguns historiadores que se debruçam sobre a A Grande Crise dos Memes, ninguém se riu em 2020. Ainda hoje são evidentes os efeitos dessa crise nos sobreviventes à Crise: ora melancólicos, ora revoltados, nunca terão superado o fim da Internet como a tinham conhecido.
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O meu solo, que segue para Coimbra e Porto na próxima semana.
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