Dizia ele que o "Diogo Faro, é pro-aborto, contras as famílias tradicionais, apoia LGBT que estão a incorporar a pedofilia, apoia terroristas e tudo o que seja aberrações. Não sabe o que é a igualdade e gosta de ajoelhar perante pretos, não sendo para rezar, e se não for para pedir desculpa…". Assim mesmo.
Partilhei a mensagem para propósitos de ligeira galhofa, tal é o grau de absurdo, e muitas pessoas, até alguns amigos próximos, reagiram com grande surpresa. "Isto existe mesmo?" ou "Mas quem é que diz coisas destas?". Muita gente. Mesmo muita gente.
Eu sei que somos muitos a defender as mesmas coisas, do antiracismo aos direitos LGBTI+, passando pelo feminismo, equidade económica e quaisquer outros parâmetros sociais que ambicionem a igualdade e uma vida mais justa para todos. E isto só faz de nós pessoas normais. Nada mais que isso: normais. E, como é óbvio, gostamos de nos rodear de pessoas normais, tanto ao vivo como nas redes sociais, e acabamos por ficar mais ou menos numa bolha onde achamos que a anormalidade é rara. Só que não é. Por ter uma exposição nas redes sociais um pouco maior do que os meus amigos, a minha bolha é constantemente furada pela anormalidade.
Dezenas, centenas, milhares (ao longo dos últimos anos) de mensagens e comentários perfeitamente racistas, homofóbicas, fascistas e todo o resto de aberrações com que vou lidando. E não se preocupem, lido bem isso. Tenho as costas largas e a consciência de sermos também muitos deste lado. Escrevo-vos tudo isto para explicar uma coisa simples. Ao nos acharmos normais, falamos muito menos das coisas do que os outros. Somos menos ativos, menos vocais, porque é tão óbvio o que defendemos que às vezes nos esquecemos da necessidade de falarmos disso. E é cada vez mais necessário. Já não dá para irmos na tática de ignorar o facho no Parlamento e todos os outros que andam para aí, para ver se acabam por se calar. Não calam, e são cada vez mais, cada vez mais vocais e cada vez com menos pejo em serem ostensivamente contra os direitos humanos.
Portanto, não podemos ficar calados. Temos de escrever ou partilhar mais posts, falar mais com os amigos que estão no limbo e puxá-los para o nosso lado, votar nos partidos que defendem os nossos valores gerais (há vários, não tem de ser voto único), ouvir mais as pessoas discriminadas (os que não somos por razão nenhuma), dar-lhes voz e palco, aprender com elas e perguntar como podemos ajudar.
Não digo nada disto com tom alarmista. É mais um apelo ao olho atento e à voz pronta. Eles são muitos, mas nós somos muitos mais. Só temos de nos chegar à frente.
Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:
- Selma: filme sobre a marcha de Martin Luther King pelos direitos cívicos.
- Antifa – Manual Antifascista: livro de Mark Bray.
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