Antes de mais, e para não dar aso a generalizações injustas, devo dizer que sempre que me referir a católicos ao longo da crónica, refiro-me apenas a uma parte deles. Uma boa parte, até, mas não todos, visto que muitos parecem não querer ver a gravidade do que se passa e continuam a sua vida normalmente a fingir que são católicos com bom senso. Um pouco egoísta da parte deles, mas as atitudes ficam para quem as praticam.

Felizmente há muitos outros, anónimos ou conhecidos, que põem o dedo da ferida e não têm medo de finalmente falar contra o racismo contra católicos, contra esta perseguição que faz com que os católicos sejam constantemente ostracizados em Portugal.

Diz o Henrique Raposo, na sua crónica na Rádio Renascença: “Eu, como católico, oiço piada anti-católicas todos os dias; tenho de viver numa cultura que goza todos os dias aquilo que tenho de mais íntimo, a minha fé; tenho de criar um escudo de ironia e auto-ironia para lidar com essa paródia, mas, ao meu lado, um “gay” ou um “negro” já tem o direito sagrado de não ouvir piadas que considera ofensivas? Que igualdade é esta?”.

Quando li isto, as lágrimas escorreram-me logo pela cara. A opressão histórica com que os católicos vivem em Portugal é asfixiante tal é o grau de paródia de que são alvo. Eu próprio fiz parte disso – estou muito arrependido – quando no outro dia escrevi que havia gente a precisar rapidamente de voltar às missas para se acalmar. Fui acusado de ódio contra os católicos por imensa gente. E bem. Mandar os católicos para a missa é um acto claro de ódio e eu tive de pôr a mão na consciência para me retratar.

Isto porque as palavras contam quando há toda uma estrutura de poder que oprime determinado grupo social, sejam católicos, gays ou negros.

E não é demais lembrar o que têm passado estes católicos em Portugal. Desde terem de lidar com o aborto ter sido descriminalizado, os gays poderem casar e adoptar, até esta história agora da eutanásia. Se não é ódio aos católicos fazê-los passarem pela dor de as suas crenças sobre o controlo do corpo e dos afectos dos outros serem completamente ignoradas, só para milhões de pessoas poderem ser felizes, então não sei o que será. Depois há as acusações falsas constantes. Aquilo de haver milhões de vítimas de pedofilia às mãos de uns padres e com o encobrimento de outros, a corrupção no Vaticano, a campanha anti-preservativo no pico da pandemia da SIDA, ou até a própria Inquisição ou as Cruzadas. Tudo falsidades que tentam constantemente colar à Igreja Católica para grande dor destes crentes.

E isto depois manifesta-se neste racismo contra católicos em todo o lado que não lhes permite viver como o resto das pessoas. Quantos católicos é que aparecem na TV? Ou a escrever crónicas nos jornais? Ou até a ser donos de grupos inteiros de comunicação? Quantos católicos deputados ou ministros há? Há escolas e universidades católicas? Há influência da Igreja Católica em toda a sociedade? Têm benefícios fiscais estando acima de qualquer outra instituição? Têm poder neste Estado terrivelmente laico? Nada, nada, nada. Ostracização total, e tantas vezes ainda têm de ouvir: “ó católico, vai para a tua terra!” (que é Belém, acho eu). Horrível. Tudo isto tem de acabar, porque Católicos Lives Matter.

Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:

  • As Cores da Infâmia: sou um enorme fã de Albert Cossery.
  • Cartola: está um bom sábado para o porem a tocar.