Em 1975 foi assinado o “Tratado de Lagos” que estabeleceu a criação da CEDEAO – Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (em inglês ECOWAS - Economic Community of West African States). Esta comunidade reúne hoje 15 países, entre eles dois deles membros da CPLP/PALOP, a saber o Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo. Há discussões sobre uma moeda única associada à livre circulação de bens e pessoas com mais de 30 anos.
Estes 15 estados estabeleceram como meta a adoção de uma moeda única a partir de 2020, sendo que 8 destes estados (Benim, Burkina Faso, Guiné Bissau, Costa do Marfim, Mali, Níger, Senegal e Togo) já partilham a mesma moeda, o Franco CFA da África Ocidental. Os especialistas dividem-se quanto ao impacto potencial na economia da região, em particular nos estados que já partilham uma união económica e monetária, enquanto aprofundam uma política de livre circulação de bens e pessoas, que se espera seja alargada aos 15 membros da CEDEAO. Os proponentes da moeda única acreditam que esta potenciará o comércio entre os países, reduzirá custos com as transações e facilitará pagamentos entre as mais de 385 milhões de pessoas dos 15 países (a Zona Euro tem 19 países numa população estimada superior a 320 milhões). Outras medidas como o fim do roaming entre estes 15 países africanos, como sucedeu em 2017 na União Europeia, estão em apreciação por forma a reforçar as políticas de integração económica dos estados membros da CEDEAO.
Esta moeda já tinha sido projetada para ser lançada em 2005, 2010 e 2014, mas apesar de ambicioso, os estados signatários consideram que alguns países, se não todos, conseguirão atingir alguns dos requisitos necessários, como o défice não superior a 3% ou um valor de inflação inferior a 10%, entre outras obrigações que devem ser avaliadas no final de 2019. Um dos maiores receios é a inconsistência, na medida em que alguns países podem estar em condições de aderir em 2019 cumprindo os critérios principais e secundários, mas nos anos subsequentes não conseguirem manter as condições iniciais. Há quem concorde com o economista Martial Ze Belinga, que defende que a data de 2020 é um objetivo não vinculativo, uma ambição como foram no passado outras datas projetadas para a circulação da moeda única entre estes estados. À BBC este economista defende que os critérios de admissão devem ser revistos e que a admissão dos estados não terá de ser conjunta, para que seja um processo de evolução conjunta e aprendizagem contínua.
A Nigéria com cerca de metade da população da CEDEAO, e um importante exportador de crude e petróleo (90% das exportações), cujo PIB equivale a 2/3 da região crê-se que venha a dominar esta futura união monetária. Há algumas, primeiras, comparações com a influência que a Alemanha tem na Zona Euro e que a Nigéria virá a ter no Eco, ainda que esta se perspetive muito mais dominante que os outros estados que venham a adotar esta moeda na África Ocidental.
Os oito países que já integram uma união monetária são maioritariamente francófonos, mas se por um lado poderão hesitar em aderir ao Eco por haver potenciais parceiros com níveis de inflação e juros muito mais elevados, por outro cortar laços com o seu passado colonial (o Franco CFA foi introduzido nas Colónias Francesas em 1945) e abraçar um projeto africano poderá fazer toda a diferença numa visão de médio e longo prazo.
A próxima reunião em dezembro de 2019 será decisiva para a verificação de condições de elegibilidade de adoção da nova moeda “Eco” por parte ou totalidade dos estados membros da CEDEAO.
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