O facto de termos sido surpreendidos, por um vírus que podia estar no Outro, faz com que muitos tenham considerado que o Outro era um potencial agente de morte. Esta ideia do desconhecido perigoso, daquele que não é nosso e que não reconhecemos, é explorada sem limite pelos movimentos de extrema-direita.
Uma das lições fundamentais da vida é saber que não somos nada sozinhos, que fazemos menos e pior se não juntarmos aos nossos esforços outras pessoas, com ideias e valências diferentes. Em conjunto somos melhores.
Duplicamos a nossa esperança de vida. Temos um avanço rápido e admirável na Medicina. A tecnologia e o milagre da Inteligência Artificial (posta a bom uso, claro) são fatores civilizacionais que importa sublinhar e louvar.
Mas... o problema da adversativa é que podemos elencar vários retrocessos, múltiplos preconceitos e uma boa dose de ações perigosas que não correspondem a um humanismo desejável. Dizer que as pessoas são más é curto e simplista. As pessoas têm medo e vivem com medo.
Ainda não temos estudos de impacto da covid-19 nos comportamentos das várias faixas etárias, mas talvez não seja complexo perceber que há uma degeneração acelerada de valores, um fomentar de informações e contra-informações que não contribuem para a união, são pródigas a criar conflitos.
Acresce que a dimensão política, através da imagem, está contaminada também por valores religiosos que, tantas vezes, escolhemos não ver. Quando Donald Trump se ergue depois de ser levemente atingido na orelha por uma bala, grita, com o punho cerrado: Lutem!
Será por iliteracia ou por preguiça, que muitos compram esta ilusão de herói?
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