A ideia parece ser: vamos controlar os nossos filhos, para estarmos em controlo de nós próprios. Existem creches com câmaras para pais ansiosos. Grupos de WhatsApp para pais que comparam os feitos dos seus petizes numa lógica “saudável”, mas com sentido de competitividade. Essa bitola de excelência eleva-se a todo um patamar de hostilidade, nos diferentes desportos praticados pelas crianças e jovens. Os pais exigem, gritam, torcem e apupam. O desporto deixa de ser uma partilha e aprendizagem, uma valorização do grupo, a favor do Eu.
Cereja no topo do bolo, garantem-me que há pais a assediar professores nas universidades. A fazer queixas e, muitas vezes, a ter desgostos por falta de informação verdadeira, por parte dos seus pequenos (que, na faculdade, não são tão pequenos assim).
Também já temos pais que acompanham os filhos a entrevistas de emprego.
Quando se fala de autonomia, aprendizagem para a frustração e rejeição, dinâmicas de grupo e solidariedade, parece que estamos a usar uma linguagem teórica, impossível de ser aplicada à vida real.
O melhor talvez seja ter uma fé desmedida no bom senso e decência dos mais novos, já que com certos pais não nos safamos.
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