Os polícias são todos racistas. Os pretos são todos uns vândalos e deviam ir todos para a terra deles. Os ciganos são todos ladrões. As mulheres são todas umas sensíveis. Os homens são todos uns insensíveis. Os muçulmanos são todos terroristas. Os padres são todos pedófilos. Os políticos são todos corruptos. Os portugueses são todos burros. Os portugueses são todos incríveis. As generalizações são sempre injustas para algumas pessoas. As generalizações quando são injustas para mesmo muitas pessoas passam a preconceitos. Os preconceitos são quase sempre prejudiciais para o bem-estar geral das sociedades. E de todas as frases que escrevi desde o início da crónica só as últimas três é que são verdade.
Mas se quisermos, de facto, achar que este tipo de generalizações são justas e benéficas podemos continuar a acreditar nesse tipo de afirmações e até podemos ir mais longe. Os alemães são todos nazis. Os russos são todos homofóbicos. Os indianos são todos vendedores de flores. Os Diogos são todos lindos, incríveis, inteligentíssimos, homens de sonho. Se calhar este último exemplo não é o melhor, apesar de estar a elogiar e não a insultar, por estar a assumir que todos os Diogos são como eu, mas entretanto vocês já perceberam o meu ponto.
E a minha humildade.
O que realmente importa, ou devia importar apesar de tanta gente se estar completamente a marimbar (nem acredito que acabei de escrever marimbar, devo ter feito 63 anos entretanto e ninguém me avisou) para isso, é que as generalizações levam inevitavelmente ao extremar de posições. E daí: medo, repulsa, violência e ódio, No fundo: estupidez.
Mas se calhar sou eu que estou enganado e as generalizações até fazem sentido. Se assim for: os pretos são todos criminosos e os polícias são todos racistas. Agora lutem e até morrerem todos e matem todos os outros pelo caminho. Resolve-se assim o assunto da estupidez da humanidade. Um pouco drástico? Talvez. Mas os cronistas são todos drásticos.
Sugestões mais ou menos culturais que, no caso de não valerem a pena, vos permitem vir insultar-me e cobrar-me uma jola:
- A História de Uma Serva: Livro de Margaret Atwood. Já o tinha recomendado aqui quando comecei a ler, mas agora estou a acabar e reforço a recomendação.
- Sex Education: série de ficção com muita graça e também muito pertinente.
- Lugar Estranho: entretanto os bilhetes para o meu solo de stand-up para Lisboa e Porto continuam aí a saltar. Anuncio em breve as datas da tour pelo país.
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