Este 2018, em termos de indignações e polémicas, tem sido um ano bastante profícuo. Ainda vamos nas duas primeiras semanas do ano e as redes sociais já incendiaram mais do que Pedrogão Grande. Aliás, já ninguém se lembra de Pedrogrão Grande, com tanta polémica mais importante para debater como as alterações físicas da filha da Ana Malhoa e a gravidez da Carolina Patrocínio. Vamos, por isso, fazer um pequeno balanço destes 14 dias de 2018:

Logan Paul

O ano começou com uma polémica no YouTube. Um youtuber estrangeiro, com mais de 15 milhões de seguidores, foi à "floresta do suicídio" no Japão e filmou um corpo enforcado enquanto se ria e fazia comentários jocosos. O mundo caiu-lhe em cima e, ao que parece, ele cometeu um suicídio à própria carreira. Parece-me exagerado, até porque esperar que um youtuber não faça vídeos de merda é ter a fasquia demasiado alta. E, acima de tudo, depende do morto em causa. Se no próximo vídeo do Wuant aparecesse o cadáver do D4rkFrame, será que era assim tão mau?

Manuela Moura Guedes

Publicou uma fotografia onde criticava o pessoal que faz maratonas, dizendo que as estradas cortadas eram um incómodo para as pessoas da cidade. Sugeriu “atropelar estes bandos de viciados em correr”. Concordo: quantas vezes vejo alguém a correr com este frio e me dá vontade de lhe dar um piparote na cabeça para não me estar a esfregar na cara a minha falta de motivação para fazer exercício? Além de que correr na rua é não ter em consideração a ofensa que isso pode ser para todas as pessoas que andam de cadeira de rodas. Por isso, força! Sai da frente que vem ai a (Manuela Moura) GUEDES!

Corpo de Rita Pereira

Colocou um vídeo e as invejosas falaram que era Photoshop. Foi isto. Não há mais a acrescentar.

Apresentadoras da Eurovisão

Quatro mulheres escolhidas para apresentar a Eurovisão e a Internet manifestou-se. Uns exaltaram a escolha dizendo que era um progresso, outros disseram que só foram escolhidas para parecer bem. Outros, ainda, disseram que serem quatro mulheres brancas era falta de diversidade. Epá, para a próxima metam dois gatos e um robot de cozinha, que os animais e as máquinas também têm direito.

Oprah a presidente

Como isto de meter estrelas de TV na Casa Branca parece estar a correr bem, querem que a próxima seja a Oprah, depois do seu discurso emotivo na gala dos Globos de Ouro. Ressurgiram histórias e imagens em que se vê Oprah bastante íntima de Harvey Weinstein e especula-se até que ponto ela sabia dos assédios e esteve calada. Por outro lado, pior do que o Trump, à partida, não será. Só espero que o Dr. Phil seja o vice-presidente.

Muro na Batalha

Estão a construir um muro na estrada nacional para proteger o Mosteiro da Batalha da degradação. Há revolta porque dizem que é feio e estraga a vista. É a prova de que queremos coisas bonitas e arranjadas, mas para nós, agora, e sem pensar no futuro.

YouTubers

Os youtubers em Portugal estão, mais uma vez, debaixo de fogo, com algumas declarações de Nuno Markl e Ana Galvão sobre o potencial risco para a educação das crianças, tendo em conta um vídeo em que um youtuber sugeria que se mandasse a mãe para o caralho quando ela tenta que os filhos se levantem cedo. Tenho um misto de sentimentos: por um lado, se o Batatinha dissesse asneiras no meu tempo, era chocante, e, tendo em conta que o público alvo é o mesmo, talvez devesse haver mais cuidado por parte de alguns youtubers; por outro, há mães que são muito chatas.

Racismo H&M

Talvez a polémica mais proeminente de todas: a H&M colocou uma imagem no site de uma criança negra com uma camisola que dizia em inglês “O macaco mais fixe da selva”.“RACISMO!”, gritaram as pessoas, e a H&M retirou a fotografia e pediu desculpa. A mãe do rapaz veio dizer para as pessoas terem juízo e não gritarem “lobo” em situações sem mal nenhum. Uma chapada de luva branca (ou negra) na cara dos ofendidinhos das redes sociais que não perceberam que o miúdo foi escolhido apenas porque o preto dá bem com tudo.

De resto, as mesmas polémicas de sempre: tudo o que o Trump diz ou escreve no Twitter, e futebol e o Vídeo-Árbitro. Na verdade, nenhuma delas é grande polémica e são os media que muitas vezes as criam antes de as serem para terem cliques, tal como eu fiz neste artigo.

PS: Esta crónica foi escrita às 17h de dia 13 de Janeiro, pelo que na hora de publicação podem já haver mais 36 novas indignações.

Sugestões e dicas de vida completamente imparciais:

A série Dark na Netflix é do caraças. Custa inicialmente a abstrair do facto de que sendo uma série falada em alemão, não vai entrar o Hitler (até ver), mas um gajo habitua-se.

RIR AJUDA. Evento solidário no Altice Arena cujas receitas revertem na totalidade a favor da Fundação do GIL. Dia 16 de Janeiro, bilhetes aqui.

3.ª Edição Stand Up ANIMAL, 3 de Fevereiro, no Centro Cultural de Cascais. Evento solidário com Nuno Markl como mestre de cerimónias. Mais informação aqui.