Todos os anos, quando declara o seu IRS, pode apoiar, sem custos nenhuns para si, instituições do sector social, cultural, religioso, entre outras.
Ao declarar o seu IRS, escolha a organização que beneficiará de 0,5% do valor liquidado. Isto sem qualquer custo ou perda de benefício para si, pois o valor em causa é subtraído à receita que reverte para o Estado.
Deixo-lhe uma série de razões de peso para que consigne o seu IRS à Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro.
Em Portugal, as crianças e jovens com cancro são acompanhadas em três centros de referência que se situam nas três maiores cidades: Lisboa, Coimbra e Porto. Todas as crianças doentes que não vivem nestas cidades, ou perto delas, são obrigadas a aí procurar estadia durante todo o período de tratamento, que se pode prolongar, em alguns casos, por alguns anos. É um custo enorme, acrescido às dificuldades económicas que muitas famílias já encontram quando confrontadas com o diagnóstico.
As Casas Acreditar vêm dar resposta a esta dificuldade. Localizadas mesmo ao lado dos hospitais, têm todas as condições de que as famílias precisam, oferecem a oportunidade de reorganização familiar e normalização das vivências do dia-a-dia. Com todas as condições de dignidade, conforto e funcionalidade, são espaços de segurança e partilha de experiências, onde as famílias residem gratuitamente durante o tempo necessário ao tratamento.
Este ano, o sentimento de segurança que as Casas proporcionam foi acentuado pelos planos de contingência e higiene aplicados desde o primeiro momento da pandemia.
Sem este recurso, muitas famílias estariam sujeitas a frequentes e penosas deslocações, internamentos hospitalares desnecessários ou alojamento em condições precárias e não adaptadas à realidade de uma criança em tratamento oncológico. Em tempos que não os da pandemia, é também aqui que as famílias se conseguem reunir, juntando avós, irmãos, tios e amigos.
As Casas são também um investimento com um impacto tremendo: proporcionam mais segurança, maior bem-estar, melhor experiência hospitalar, maior probabilidade de sucesso do tratamento e diminuem as dificuldades financeiras. Por cada 1€ investido nas Casas, são gerados 5,49€ de benefícios, conforme o resultado de 2020 da metodologia Social Return On Investment (SROI).
Este é o apoio que mais pesa no orçamento anual da Acreditar, consumindo 66% dele. E para se ter uma ideia de como é determinante para tantas crianças, é importante dizer que no ano que passou viveram aqui 174 famílias vindas de todos os pontos do país, ilhas incluídas, e também dos PALOP, significando isto que mais de trezentas pessoas, entre pais e filhos, passaram pelas Casas que fizeram suas.
A consignação de 0,5% do IRS consegue assegurar uma parte considerável deste apoio, e a si só lhe custará não poder ver como brincam tantas das crianças pelos seus corredores e jardins.
É possível que ainda não tenha pensado nisso desta maneira, mas quando uma criança ou jovem têm cancro toda a família é afectada. A mudança de cidade, para uma parte deles, como já lhe disse, é “apenas” uma delas. Para poderem acompanhar os filhos, os pais recorrem a licenças, baixas ou ficam mesmo desempregados. A pandemia trouxe mais problemas de desemprego, lay off, a precariedade laboral aumentou. Acrescem ainda despesas novas, entre deslocações e medicamentos, por exemplo. A perda de rendimento anual é calculada em cerca de 6.500€ (números de 2017). Não será surpreendente, assim, que num ano como o que passou – o que estamos a viver não será diferente – os pedidos de apoio social tenham disparado. 474 famílias tiveram necessidade de ajuda para pagarem despesas tão comuns como água, luz, gás e rendas de casa. Ou precisaram de apoio alimentar. Ou ainda ajudas técnicas, como cadeiras de rodas, ou próteses, por exemplo. Falta dizer que este ano as máscaras, o álcool-gel e outros equipamentos de protecção individual foram, e são, disponibilizados a todas as famílias que estão nas Casas e às que visitam os hospitais.
Os apoios sociais foram os segundos no ranking dos que consomem mais recursos, a seguir às Casas. E assim irá continuar, pelo que este ano já leva de pedidos. Os 0,5% do seu IRS permitem também trazer mais dignidade a famílias inteiras que se veem confrontadas com o agravamento das dificuldades económicas que um cancro na infância traz.
É possível que também não saiba, mas com os tratamentos, há crianças que têm dificuldades em fazer um percurso escolar sem sobressaltos. À mudança de escola (muitos deles mudaram de cidade, lembra-se? O acompanhamento escolar é feito nos hospitais por professores destacadas pelo Ministério da Educação), acrescem os dias em que a agressividade dos tratamentos não permite acompanhar as aulas. São comuns os atrasos nas matérias, as dificuldades de compreensão dos conteúdos, a desmotivação. A Acreditar respondeu a esta necessidade com o Aprender Mais, um apoio escolar em casa ou online, gratuito, desenvolvido por voluntários profissionais da área da educação e do desenvolvimento (professores do 1.º ciclo até ao secundário, educadores de infância, psicólogos, educadores sociais, terapeutas ocupacionais, entre outros). Não substitui a escola nem o direito a medidas educativas especiais, mas é um apoio complementar e personalizado, que para muitos é a diferença entre conseguir acompanhar a escola ou não.
O outro apoio na escolaridade que a Acreditar também dá são as bolsas de estudo para crianças e jovens com doença oncológica que tenham dificuldades económicas. As bolsas abrangem todo o percurso escolar, do ensino básico ao superior. São treze alunos que neste momento estudam em melhores condições. Um dos jovens tem feito o percurso escolar desde o secundário até ao mestrado, que está este ano a frequentar.
O que lhe vai custar a si é não poder assistir à satisfação e ao orgulho dos alunos que conseguem manter uma das prerrogativas de serem crianças e jovens: aprender e com isso construírem o futuro que entenderem viver.
Como vê, há muitas razões para consignar os 0,5% do seu IRS à Acreditar.
Também tem a possibilidade de consignar o IVA, mas neste caso já custa um bocadinho. Isto porque está a prescindir do reembolso dos 15% do IVA que tem direito a receber, por obrigação de emissão de factura. Ou seja, deixa de poder deduzir este valor ao seu IRS, o que se traduz no recebimento de menos reembolso ou na entrega de mais imposto adicional. Se optar por doar este valor à Acreditar, está a fazer um donativo e não receberá o montante total do reembolso do IVA a que tem direito.
Até ao dia 30 de Junho, ao submeter a sua Declaração de IRS, basta que indique a entidade a consignar no quadro 11 do modelo 3, colocando o NIF da Acreditar – 503571920.
Fique a saber que está a contribuir para famílias que também não sabiam o que as esperavas.
Susana Bicho faz parte da equipa da comunicação da Acreditar. A Acreditar - Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro existe desde 1994. Presente em quatro núcleos regionais: Lisboa, Coimbra, Porto e Funchal, dá apoio em todos os ciclos da doença e desdobra-se nos planos emocional, logístico, social, entre outros. Em cada necessidade sentida, dá voz na defesa dos direitos das crianças e jovens com cancro e suas famílias. A promoção de mais investigação em oncologia pediátrica é uma das preocupações a que mais recentemente se dedica. O que a Acreditar faz há 25 anos - minimizar o impacto da doença oncológica na criança e na sua família - é ainda mais premente agora em tempos de crise pandémica.
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