Se eu soubesse a receita para um amor mais que perfeito e sem dissabores não te a dizia, iria rapidamente registar a patente.
Por isso, vai, faz um esforço e descobre a razão pela qual o amor dá mais trabalho do que qualquer exibição do teu ego idiotazinho, do que todos os likes e visualizações ou qualquer outro elogio sobre a tua forma de ver o mundo (alguém te disse que não és sequer original?).
O amor é um full time job sem remuneração e, não, nem sempre é justo, mas talvez possas comprar as tais flores e considerar que São Valentim fará de ti uma pessoa feliz, hoje à noite, na simples avidez do corpo. Mesmo que suspires de satisfação depois de tudo isso, é melhor perceberes que o amor não é físico, é metafísico e é uma arma poderosa.
O amor faz com que aprendas a calar na hora certa, que consigas suportar o que o mundo clama ser impossível de suportar, faz-te trocar o teu reflexo no espelho pela imagem do outro e, atenção, não caias na tentação de pensar que o outro é apenas um prolongamento de ti.
Nada disso, se assim for, é mera ilusão.
O outro - o ganz andere - é mais do que podes exprimir em palavras, mais do que podes imaginar ou fixar em palavras concretas, é aquela emoção que te abraça e quase sufoca a garganta de choro.
O amor é difícil e implica compromisso e, para durar, se quiseres que dure, não há uma receita, há caminhos e nenhum é evidente.
É tão difícil este amor pelo qual ansiamos que talvez seja bem mais fácil desistir. Sim, porque não é tarefa para cobardes ou medricas e precisas de tudo de ti para vingar.
Todos os dias, quando acordares, já sabes que estás em esforço, em trabalhos esforçados. Esses trabalhos que, por causa de um sorriso ou e de um beijo, parecem tão simples quanto as tarefas atribuídas aos anjos.
É essa a complexidade do amor; é a essa a tua meta. Qualquer coisa menos que isso é apenas uma enorme treta e acabarás sozinho, sem entender o mundo. E o mundo é exigente, sozinho nunca vingarás.
Sim, o amor pode ser lamechas. Dizer amo-te é quase uma banalidade, poucos sabem o que significa realmente, embora seja objecto de estudo há muitos anos.
Não, não sei a receita, e, se a soubesse, quem sabe?, talvez tivesse a ideia de a partilhar contigo. Num gesto de amor.
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