Cito: "As opções do PS e a sua assumida atitude de não romper com os constrangimentos externos são um grave bloqueio à resposta aos problemas do país. O futuro de Portugal exige a ruptura com as imposições e chantagens que visam perpetuar a submissão, a exploração, o endividamento e o empobrecimento".
Mas, e ao contrário, nem por isso o PCP deixará de viabilizar um Orçamento para 2017, assim ele mantenha o "compromisso de reverter direitos e rendimentos", garantindo que vai "inverter o curso para o desastre económico e social que vinha sendo imposto".
Ou seja, desde que os mínimos olímpicos se mantenham, o PCP engole o sapo (maior do que o das famosas presidenciais com Mário Soares…).
De passagem, Jerónimo de Sousa insiste na tecla da saída do euro como parte da solução dos problemas nacionais, quer cunhar a moeda portuguesa, e sublinha a necessidade da nossa autonomia económica, financeira, cambial e fiscal, numa claríssima demarcação da União Europeia e de tudo o que o PS (…e o PSD, e até o CDS) manifestam como essencial e fundador.
Se eu fosse militante do partido e estivesse naquela tarde escaldante de domingo a ouvi-lo, acharia que estava a sofrer os efeitos de uma insolação. É possível estar contra a essência, a raiz, a "causa das coisas" de um governo e de uma política, e ao mesmo tempo votar e caucionar esse mesmo governo em nome de magras recuperações de direitos para os trabalhadores, em geral, e a função pública, em particular? Como se concilia o voto num orçamento com a firme defesa do abandono da moeda única? Como se fala da "política de direita e de submissão à União Europeia e ao Euro", ao mesmo tempo que se aceita, na Assembleia da Republica, as traves mestras que a suportam?
A lista de perguntas é tão grande como o discurso de Jerónimo de Sousa. Mas, ao ouvir o líder do PCP, interroguei-me sobre o que será, política e eticamente, mais sério e correcto: deixar um país à deriva, como está a suceder em Espanha, porque não se cede ao que se julga essencial; ou ceder no essencial, mesmo que para isso o discurso contradiga a acção?
Não tenho uma resposta taxativa (há muito que me deixei disso…). Mas uma coisa sei: Jerónimo de Sousa e o PCP estão claramente a viajar na maionese. Neste caso, numa maionese talhada pelas contradições entre o que defendem e o que depois fazem. Estarão a ficar iguais aos "outros"?
Rentrée em três actos…
Enquanto por cá os canais de televisão apontam as suas armas pesadas para o horário nobre - novelas, séries, reality-shows… -, nos Estados Unidos da América as séries continuam no trono do rei, destronando filmes e concursos e programas de informação. Neste link, a lista da revista Time para as 12 séries imperdíveis da estação. Entre o cabo, os canais clássicos e o Netflix, mais tarde ou menos cá chegarão…
É seguramente a transferência do ano na imprensa portuguesa: Vasco Pulido Valente deixa o Público - e por esta via, o papel impresso - e entra no mundo digital, já em Outubro, com duas crónicas semanais (sábado e domingo) no jornal Observador. Antecipando a transferência, deu uma longa entrevista a Vítor Matos que, embora publicada no jornal em Junho, vale a pena reler agora, quando o seu regresso se aproxima…
Não houve jornal que não lhe dedicasse umas linhas, nem rede social onde não fosse referida a toda a hora: a síndrome pós-férias, quase classificada como mais uma doença na já longa lista das estranhas patologias psicológicas, mereceu do nosso vizinho digital El Español uma matéria que vale a pena ler. Por um lado desmascara uma invenção que nos dava imenso jeito, por outro explica o fenómeno pelo lado cientifico.
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