De Ponte de Lima a Oleiros, os dias - e as noites - voltaram a ser assim
Talvez ensombrados pelo tema que teima em dominar a atualidade, e cujo nome não é necessário repetir, os incêndios entram na rotina das notícias de verão com aquele misto de conformismo e de previsibilidade. Três anos depois do verão negro de 2017, em que tantas vezes se disse que nada poderia voltar a ser como foi, a única coisa que podemos dar como garantido é que não voltámos a ter uma tragédia com a dimensão dos incêndios de junho e de outubro desse ano.
Mas, como se costuma dizer quando é preciso desconstruir a estatística, há os valores relativos e os absolutos: para as terras que ardem, para as povoações assustadas e para os bombeiros que acorrem cada incêndio representa 100% de um problema. Claro que as outras contas são importantes, e devem ser feitas, mas num dia como o de hoje, é difícil dizer isso a quem vive em Ponte de Lima ou em Oleiros e que à hora que este texto é publicado tem pela frente uma noite de incerteza com o fogo por perto.
Qual foi o retrato do dia:
Duas horas mais tarde, o presidente da câmara de Ponte de Lima, Vítor Mendes, apelava à intervenção do Ministério da Administração Interna (MAI) e da Polícia Judiciária por suspeitar da quantidade de fogos que atingiram o concelho nos últimos dias. "Andamos há duas semanas com incêndios todos os dias em zonas dispares. Temos assistido a quatro ou cinco incêndios por dia, num total de 38 incêndios. É uma situação incomportável. Não há recursos em quantidade suficiente e apesar do empenho de todos estamos a chegar a uma situação limite", afirmou.
À hora que este texto é publicado, um total de nove incêndios florestais estão em curso no país, mobilizando um total de 754 operacionais e 246 viaturas, segundo o site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Há as razões de sempre, há as razões ingratas ou dos azares que acontecem, poderá haver razões criminosas como o autarca de Ponte de Lima quer ver esclarecido. Mas, em consciência, é isto o melhor que conseguimos fazer?