JMJ: afinal quantos são?
É difícil escrever sobre o dia de hoje, sobretudo para quem está ou vive em Lisboa, sem falar da maré de gente muito jovem – e alguma menos jovem – que invadiu a cidade. Circulam em grupos, identificados em regra pelas t-shirts comuns, de bandeiras às costas e em línguas tão diversas quanto o espanhol, o francês ou o coreano – apenas a título de exemplo.
Maré foi precisamente a expressão usada por Marcelo Rebelo de Sousa para descrever o ambiente na capital. “Tenho percorrido Lisboa e tenho estado nos polos fundamentais e encontrado milhares e milhares de grupos (...) São jovens, jovens. Eu não me lembro de uma maré jovem assim”.
No meio deste comentário estava um outro, por ventura menos abonatório: “em Belém, quando saí para aqui, os autocarros não aguentavam. Isto ultrapassa a expectativa, porque muitos chegaram antes. Isto é uma coisa louca”.
Voltamos às contas que se fizerem para o evento no que respeita à afluência de peregrinos. Ninguém arriscou um número final, tendo sido dito que a organização da Jornada Mundial de Juventude trabalhava com vários cenários. A julgar pela observação dos repórteres do SAPO24 que estiveram hoje em Belém e no Parque Eduardo VII, e pelo comentário do próprio presidente, o cenário de hoje não estava espelhado na forma como se preparou a rede de transportes para dar resposta ao número de peregrinos na cidade.
Sobre as contas de impacto económico, à data de ontem, a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) pela voz da sua vice-presidente, Cristina Siza Vieira afirmou que “neste momento, as perspetivas de ocupação não estão a corresponder ao que foi indicado em junho e em julho”.
E António Costa, por seu lado, foi dizendo, também ontem, que “eventos desta natureza dão uma projeção inimaginável ao país que não se reflete logo nas contas do ano, propriamente dito”.
Já hoje, Marcelo Rebelo de Sousa não hesitou em dizer que nunca teve dúvidas do sucesso e das contas feitas pelo presidente da Câmara de Lisboa. “Nunca tive dúvidas [do sucesso]. Tantos milhares a contribuir para a animação [da cidade], dissipa todas as dúvidas. Era só fazer as contas, como fez o presidente da Câmara de Lisboa”.
São dois sentimentos que convivem lado a lado no dia de hoje e, possivelmente, durante esta semana. Há uma indiscutível onde de juventude e de alegria nas ruas de Lisboa que está cá por causa de um evento que continua a dividir opiniões no que respeita à participação do Estado. Uma discussão que ganhou inclusive direito a um simulador designado como “Descobre o que Lisboa poderia ter feito com o dinheiro da Jornada Mundial de Juventude”, disponibilizado pelo Livre.