Burla no Porto: esta casa não é minha, mas vou arrendá-la

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve hoje 12 pessoas no âmbito da "Operação Gost Rent" sobre esquema de burlas de arrendamento na área do Porto onde decorreram mais de 20 buscas domiciliárias e não domiciliárias.

A operação teve início há seis meses, tendo já sido identificadas 140 situações de burla. Os detidos vão ser presentes às autoridades judiciárias na quinta-feira, às 14:00, para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.

Que burlas são estas?

As 12 pessoas detidas no Grande Porto são suspeitas de burla a centenas de estrangeiros num esquema de arrendamentos fictícios. O grupo visado pela investigação tinha como “alvo preferencial cidadãos estrangeiros que se deslocavam a Portugal com o intuito de trabalhar, fundamentalmente, e de estudar”.

Em conferência de imprensa, o comissário da PSP João Soeima disse que o esquema passava por arrendar, durante uns dias, habitações em regime de alojamento local e simultaneamente colocar um anúncio para arrendamento daquela habitação “de média ou de longa duração”.

Já com acesso à casa, os suspeitos, que utilizavam nomes falsos, faziam-se passar pelos proprietários do imóvel, mostrando-o mesmo às vítimas que eram pressionadas para assinar rapidamente o contrato de arrendamento e a sinalizar o negócio com uma caução no valor de dois a quatro meses de renda, qualquer coisa como entre 1.600 a 2.400 euros.

As vítimas só se aperceberiam da burla quando o verdadeiro proprietário do imóvel reclamava a desocupação da habitação. Em alguns casos, os suspeitos terão ainda roubado eletrodomésticos e outros objetos das casas.

No que resultou a operação?

De acordo com a PSP, foram executadas 22 buscas domiciliárias e duas não domiciliárias. Foram ainda detidas 12 pessoas (três homens e nove mulheres), entre os 21 e os 53 anos.

Na sequência da operação policial, foram ainda apreendidos 20 telemóveis e alguns computadores utilizados para aceder às redes digitais onde eram publicitados de forma falsa as habitações, bem como um conjunto vasto de documentação, nomeadamente informação bancária, “quer em nome dos suspeitos, quer em nome de pessoas terceiras que eram utilizadas para preparar e executar os falsos contratos de arrendamento” e “ocultar os proveitos da atividade ilícita”.

Este tipo de burlas só acontece no Porto?

Embora o âmbito da intervenção da operação policial desta manhã tenha ficado restrito à atividade deste grupo na área do Grande Porto, João Soeima adiantou que existem outras situações identificadas fora desta área geográfica, sendo a operação em causa de nível nacional.

“Neste momento temos contabilizados aproximadamente 243 mil euros, mas, todas as semanas, a partir do momento em que identificámos os verdadeiros autores que utilizavam nomes falsos, conseguimos descobrir cada vez mais crimes (…), uma média de 10 a 15 crimes novos”, indicou aos jornalistas.

Como evitar este tipo de situações?

Num contexto de prevenção geral, a PSP aconselha os cidadãos que queiram arrendar uma casa a procurarem pequenos indícios que podem ajudar a identificar uma situação suspeita, nomeadamente a existência de códigos para entrar na habitação, método muito utilizado no alojamento local, a presença de atoalhados ou roupa de cama suplente ou um manual de utilização dos equipamentos.

*Com Lusa

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