Um dia depois ainda se fala dos computadores que não funcionavam

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

A situação nos aeroportos retoma hoje a normalidade, após uma falha informática à escala global na sexta-feira ter causado significativos problemas nos transportes, nos media e nos mercados financeiros e até impedido trabalhadores de usarem equipamentos informáticos.

Em causa esteve uma atualização defeituosa nos sistemas operativos Windows da Microsoft, provocada por uma solução informática do grupo norte-americano de cibersegurança CrowdStrike, sendo que está excluído um ciberataque ou um problema de segurança informática.

“Gostaria de pedir desculpas pessoalmente a todas as organizações, grupos e indivíduos que foram afetados”, declarou George Kurtz, presidente-executivo da CrowdStrike, no canal norte-americano de televisão CNBC, na sexta-feira.

Numa nota hoje publicado no seu blogue, a CrowdStrike explicou que na quinta-feira à noite tinha lançado uma atualização para o Windows que provocou “uma falha do sistema e um ecrã azul”, corrigida ao fim de 78 minutos.

Do lado da Microsoft, o vice-presidente do grupo empresarial, David Weston, disse que o incidente “estava fora do controle da Microsoft” e que foram mobilizados centenas de engenheiros e especialistas para ajudar as organizações afetadas.

Quantos computadores foram afetados?

A falha informática global afetou cerca de 8,5 milhões de computadores. Esta é apenas uma estimativa da Microsoft, que diz que o problema informático afetou “menos de 1% de todas as máquinas Windows”.

“Embora a percentagem seja pequena, os relevantes impactos económicos e sociais verificados refletem a utilização do ‘CrowdStrike’ por empresas que gerem muitos serviços críticos”, explicou a Microsoft.

Ainda há problemas este sábado?

  • Em França, os aeroportos de Roissy e Orly, os dois principais pontos de entrada das delegações estrangeiras para os Jogos Olímpicos de Paris, que se iniciam na sexta-feira, estão sob particular atenção. “A situação voltou ao normal em todos os aeroportos de França”, disse hoje o ministro dos Transportes francês, Patrice Vergriete, nas redes sociais.
  • Persistem alguns “problemas residuais” que provocaram atrasos em Sydney; no Japão, “cinco voos” operados pela companhia aérea de baixo custo Jetstar tiveram hoje atrasos.
  • O aeroporto internacional de Berlim, o mais afetado na Alemanha, está a funcionar quase normalmente. No entanto, alguns passageiros continuam a não poder utilizar as máquinas de check-in, devido às “sequelas ocorridas nas companhias aéreas”, e têm de recorrer aos balcões para solucionarem a situação.
  • Nos Estados Unidos, os serviços de emergência de pelo menos três Estados foram afetados e 2.400 voos foram cancelados na sexta-feira. Hoje, cerca de 1.280 voos permaneciam cancelados ao início do dia nos Estados Unidos.
  • No México, as companhias aéreas pareciam continuar com problemas e os aeroportos de Guadalajara e Monterrey pediram aos viajantes que chegassem com várias horas de antecedência.
  • Por cá, o cartaz do festival Mimo, que decorre até domingo em Amarante, sofreu hoje alterações, com cancelamentos e mudanças de horários de atuações de artistas. Uma das alterações é o cancelamento da atuação da atriz, cantora, compositora e guitarrista Fatoumata Diawara, do Mali, que estava prevista para hoje às 00:30 no Parque Ribeirinho.

Um apagão que vai ficar para a história?

Considera-se que sim. "A magnitude deste apagão não tem precedentes e, sem dúvida, ficará para a história", disse o especialista em segurança cibernética Junade Ali. A última falha que, nas suas palavras, teve consequências semelhantes, data de 2017.

"É uma das raras ocasiões em que o software de segurança é a causa de uma interrupção tão grande", disse Kayssar Daher, especialista em segurança cibernética entrevistado pela AFP.

A amplitude do fenómeno é explicada pelo facto de que "o Windows está muito difundido e o CrowdStrike também", acrescentou.

*Com agências

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