"Quem é vivo sempre aparece": Papa Francisco surge e abre hostes a mensagem de esperança

Beatriz Cavaca
Beatriz Cavaca

O Domingo de Páscoa é a festividade religiosa para os católicos que celebra a ressurreição de Jesus, ocorrida no terceiro dia após a sua crucificação no Calvário, conforme o Novo Testamento. É também a principal celebração do ano litúrgico cristão e a mais antiga e importante festa.

O Domingo de Páscoa marca também o ápice da Paixão de Cristo e é precedido pela Quaresma, um período de quarenta dias de jejum, orações e penitências.

É neste espírito de festa que muitos católicos olham para esta festividade como um sinal de esperança para um mundo melhor, no contexto de uma religião que viveu os últimos meses sobressaltada com a doença do Papa Francisco, recentemente internado no hospital Gemelli, onde esteve até dia 23 de março a lutar contra uma pneumonia potencialmente fatal durante cinco semanas de internamento.

Foi assim que, ainda que visivelmente debilitado, Francisco apareceu na varanda da Praça de São Pedro, numa cadeira de rodas, para comemorar o Domingo de Páscoa junto dos fiéis. O público, emocionado, assistiu em silêncio à benção "Urbi et Orbi", dirigida à cidade de Roma ("Urbi") e ao mundo inteiro ("Orbi").

Paz, imigração, saúde e irmandade foram os principais temas da mensagem de hoje.

Na sua mensagem, lida por um assessor após o Papa aparecer na varanda da Basílica de São Pedro, em Roma, o Papa Francisco denuncia a “desprezível situação humanitária" em Gaza e apela ao cessar-fogo. Alertou também para “o clima de crescente antissemitismo que se está a espalhar pelo mundo”.

“Apelo aos beligerantes para que cessem o fogo, libertem os reféns e prestem uma ajuda preciosa às pessoas famintas, que anseiam por um futuro de paz”, afirmou Francisco.

Antes do início da leitura da sua mensagem pascal, o Papa fez questão de dizer: “Irmãos e irmãs, Feliz Páscoa!”, afirmou Francisco, numa cadeira de rodas, sem cânulas nasais de oxigénio.

Após a mensagem, o Papa apareceu ainda no seu ‘papamóvel’ no meio da multidão de fiéis reunidos na Praça de São Pedro para celebrar a Páscoa e durante cerca de 15 minutos percorreu os corredores da praça e abençoou bebés, rodeado por guarda-costas.

Recorde-se que o Papa tem estado ausente de todos os ritos da Semana Santa no Vaticano e apenas se deslocou na tarde de Quinta-feira Santa à prisão romana de Regina Coeli, perto do Vaticano, para cumprimentar os reclusos, como tem feito desde o início do seu pontificado.

“Vivo-a o melhor que posso”, respondeu o pontífice, com um sussurro, da janela do carro ao sair da prisão, quando questionado pelos meios de comunicação sobre como está a viver a Semana Santa neste momento delicado para a sua saúde.

E por cá?

O aparecimento do Sumo Pontífice da Igreja Católica foi também tema nas intervenções dos principais líderes da Igreja a nível nacional.

À margem da missa de celebração da Páscoa a que presidiu esta manhã na Sé de Lisboa, o cardeal patriarca, Rui Valério, declarou-se “bastante otimista e sensível a esses pequenos sinais” que, no caso da trégua na Ucrânia, decretada pela Rússia para o período da Páscoa, espera poderem representar “umas horas de trégua, de silêncio, de serenidade” e um sinal para o futuro.

Patriarca de Lisboa preside às celebrações do Tríduo Pascal
Patriarca de Lisboa preside às celebrações do Tríduo Pascal O Patriarca de Lisboa, Rui Valério, preside às celebrações do Tríduo Pascal na Sé de Lisboa, 20 de abril de 2025. TIAGO PETINGA/LUSA créditos: Lusa

Sobre a aparição do Papa Francisco esta manhã no Basílica de São Pedro, Rui Valério viu também aqui “um sinal de esperança”.

“Sinal de esperança porque o Papa Francisco tornou-se decisivo, não é incontornável, é decisivo, não apenas para a Igreja da atualidade, mas para o próprio mundo. A sua presença vale tanto quanto a sua palavra. Vale mais do que a sua palavra. A sua presença é, ela própria, um sacramento da presença do próprio ressuscitado no mundo. Exatamente porque ele traz em si, não apenas um manancial de valores e de referências éticas, mas ele traz em si um ideal de humanidade que é permeável e é dirigido a todos os homens e mulheres de boa vontade”, disse o cardeal patriarca.

Mesmo durante a sua hospitalização de mais de um mês, entre fevereiro e março, “a sua presença nunca foi questão” e “nunca esteve em dúvida”, defendeu Rui Valério, que considera que a projeção que o líder da Igreja Católica tem no mundo é “muito importante”, até para orientação do “caminho do mundo”.

“Seja com a sua personalidade, mas também pela autoridade moral e humanista que o caracteriza, o seu simples estar, o seu simples olhar, o seu simples dizer, é suficiente para fazer compreender aos governantes das nações qual é o sentido correto, o sentido humano, o sentido de proximidade, o sentido da paz que é necessário trilhar. Eu valorizo muito essa presença”, disse Rui Valério.

Já o Bispo de Setúbal, o Cardeal D. Américo Aguiar, esteve também presente na Vigília Pascal na Sé de Setúbal e não deixou de fora igualmente uma mensagem de reflexão sobre a paz no mundo. “Chegámos na escuridão, mas esta é a noite em que a Esperança se torna realidade: Cristo venceu a morte”, declarou.

Denunciou também o sofrimento causado pelas guerras, como a da Ucrânia e o conflito entre povos irmãos na Terra Santa, Israel e Palestina, “onde Jesus nasceu, morreu e ressuscitou”. Apontou, por fim, as inquietações da sociedade portuguesa: “Vivemos tempos instáveis. Há poucas semanas fomos às urnas e já se fala em voltar a votar. Cresce a dúvida, a desconfiança, a ansiedade.”

Na mensagem da homilia, questiona os fiéis: "Como é possível? Como pode a vida vencer se ainda se mata em nome de Deus, em nome do poder, em nome de ideologias?". E, revoltado, apela à ação: "Não podemos ficar parados, não podemos ficar calados, não podemos viver como se Jesus ainda estivesse no túmulo”.

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