São os "primeiros iPhones projetados desde o início para o Apple Intelligence" (nome do sistema de IA da empresa), declarou Tim Cook, diretor-executivo da gigante da tecnologia, num vídeo transmitido na sede da companhia em Cupertino, Califórnia, e online.

A Apple aposta muito no iPhone 16 e espera seduzir os seus clientes com modelos com IA generativa integrada.

O iPhone - cujas vendas somaram 39 mil milhões de dólares no último trimestre - representa 60% da receita da empresa e continua sendo a porta de entrada para seus serviços, como a App Store e a Apple TV, que se estão a tornar cada vez mais importantes para a companhia fundada pelo falecido Steve Jobs.

"Estes novos iPhones são muito importantes. É a categoria de produtos mais lucrativa da Apple e uma engrenagem essencial deste universo de serviços e assinaturas em plena expansão, a sua segunda atividade mais rentável", destacou Gadjo Sevilla, analista da Emarketer.

A Apple enfrenta o desafio de lidar com clientes que tendem a manter seus modelos de iPhone por períodos cada vez mais longos.

"Este lançamento do iPhone 16 é totalmente focado no Apple Intelligence" e na revolução da IA, resumiu o analista Dan Ives, da Wedbush, numa nota aos investidores.

O "Apple Intelligence" é um novo conjunto de recursos de software para todos os dispositivos da marca, anunciado em junho em conjunto com uma parceria com a OpenAI, criadora do ChatGPT.

Inicialmente, isso inclui edição de imagens com IA, tradução e pequenos toques criativos para mensagens, mas não avanços mais ambiciosos como os prometidos por outros atores do setor, como a OpenAI ou o Google.

Segundo a Apple, a sua IA será capaz até de sugerir respostas a e-mails. Os utilizadores poderão fazer perguntas mais complicadas à assistente de voz Siri, por exemplo, para encontrar uma foto nos seus álbuns através de uma simples descrição verbal.

Ives espera que os desenvolvedores de software criem aplicações e serviços aprimorados com funções de IA, o que impulsionaria as vendas do iPhone.

Google, Meta (Facebook e Instagram) e Microsoft (o principal investidor da OpenAI) comercializam há vários meses ferramentas que permitem produzir conteúdo de boa qualidade com pedidos simples.

Estratégia e riscos

"A Apple certamente explicará que apenas os dispositivos mais novos poderão utilizar plenamente a IA", estimou Sevilla.

"Essa estratégia tem um duplo objetivo: implantar mais lentamente seu novo sistema (...), o que será mais fácil de gerir em grande escala" e levar os consumidores a "comprar os modelos mais recentes", substituindo os antigos, acrescentou.

No entanto, Dipanjan Chatterjee, analista da Forrester, alerta que "se os clientes da Apple perceberem poucas diferenças" entre a nova linha de smartphones e as anteriores, "não terão pressa em atualizar".

Considerando todas as marcas, as vendas de smartphones com IA generativa devem crescer 344% este ano no mundo, segundo a consultoria IDC, e chegarão a representar 18% do mercado total destes aparelhos até o final do ano.