"O bitcoin? É o desejo de 'uberizar' a moeda, de não ter banco central para decidir o seu preço", explica Ludovic Subran, economista-chefe da seguradora Euler Hermes, comparando a criptomoeda à disputa entre táxis e Ubers.
“Nós não precisamos da autoridade central. É isso que é o ‘génio’ desta invenção”, garante Yves Choueifaty, fundador da administradora de ativos Tobam, que acaba de lançar o primeiro fundo europeu de colocação de ativos em bitcoins.
O bitcoin está presente nas plataformas de intercâmbio específicas e não nos mercados regulados. Os investidores já se referem ao bitcoin como o “ouro digital”, e esta semana fez uma cotação inédita: foi avaliada em mais de 8 mil dólares. No início de 2017, a empresa representava mil euros. Em 2011, valia pouco mais que um dólar.
O bitcoin beneficia grandes operadores do mercado de ações, universidades americanas, mas também alguns países em crise, como o Zimbábue e a Venezuela, cujas divisas valem pouco devido à hiperinflação.
"Vejamos o caso de países com instituições frágeis e moedas nacionais instáveis. Em vez de adotarem a moeda de outro país, como o dólar, por exemplo, essas economias poderiam conhecer um crescente uso de moedas virtuais”, afirmou a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
Por outro lado, o bitcoin também pode beneficiar os países desenvolvidos, em que muitos habitantes têm um acesso mais rápido à internet do que às contas bancárias tradicionais. Os bancos centrais alertam para o facto de as moedas virtuais serem “especulativas”, na medida em que as pessoas não conseguem determinar o valor real exacto da moeda.
"É a própria definição de bolha", alertou recentemente o presidente do Crédit Suisse, Tidjane Thiam, imediatamente atacado nas redes sociais pelos defensores do bitcoin. O Nobel de Economia, o francês Jean Tirole, concorda: "É uma bolha!", afirmou à AFP durante um colóquio em Paris nesta semana. "É algo que não tem valor intrínseco, que pode afundar da noite para o dia. Por isso, não gostaria que os bancos franceses, por exemplo, investissem no bitcoin”, acrescenta Jean Tirole.
Já Ludovic Subran espera que as autoridades sensibilizem mais investidores tendencialmente aliciados pelo risco. "Há muito dinheiro a perder, e muito a ganhar também. Muita gente que quer investir, mas não se dá conta do risco", garante.
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