Tal como acontece todos os anos, o encontro mundial do setor de jogos electrónicos, que começou na terça-feira, exibe sucessos de vendas e inovações que pretendem revolucionar o mundo dos "gamers", como a realidade virtual ou o streaming. A edição 2016 da E3, no entanto, foi além do que é habitual e consagrou o aparecimento de um novo tipo de celebridades, cujas proezas virtuais são divulgadas e acompanhadas avidamente em sites como Twitch ou YouTube Gaming. "Há centenas de milhões de utilizadores a prestar atenção ao conteúdo dos jogos", disse à AFP, na E3, Ryan Wyatt, responsável por este segmento no YouTube.
Wyatt admite a sua surpresa com o facto de "isto" se ter tornado algo tão grande. YouTube Gaming, uma versão do serviço de partilha de vídeos da Alphabet concebido especialmente para os amantes dos jogos, foi lançado em versão site e em aplicações móveis em agosto de 2015. Hoje, milhões de milhões de horas de conteúdo de jogos são assistidas por mês no serviço, e o número não pára de crescer, afirma Wyatt.
O Youtube tem se empenhado em valorizar estes jogadores, personalidades que cativam o público online com seu jogo, humor, sagacidade e comentários. "São super estrelas, como quaisquer outras. São celebridades", afirma Wyatt.
Selfies e autógrafos
No ano passado, a revista Variety publicou uma pesquisa que demonstrava que a influência das estrelas do YouTube nos adolescentes é semelhante à que exercem as celebridades de Hollywood. Wyatt observou que mais da metade dos dez maiores YouTubers são gamers. "Estão basicamente a transcender a indústria dos jogos", afirma.
O canal de Youtube do humorista e gamer sueco PewDiePie, por exemplo, conta com 45 milhões de pessoas inscritas. A Twitch.tv, propriedade da Amazon, permite que os internautas transmitam conteúdos de videojogos e entrem em contacto com editores do setor e anunciantes.
No ano passado, mais de 20 mil pessoas participaram em um encontro de "transmissores" e editores de videojogos organizado pela Twitch, e mais de dois milhões assistiram ao evento online, segundo a empresa pioneira de serviço de streaming de jogos. "A audiência está a crescer vertiginosamente. (...) Não há nenhum sinal de que o streaming esteja a desacelerar", declarou à AFP um porta-voz da Twitch.
Alguns jogadores considerados estrelas do Twitch têm lucros de seis dígitos e são literalmente assediados por fãs em busca de uma selfie ou de autógrafos. Trata-se de uma espécie de "democratização da fama", afirma Andrew House, um dos responsáveis da empresa editora de videojogos Sony Interactive Entertainment.
"Já era hora de que acontecesse algo assim", diz House à AFP. "É óptimo que haja rostos e personalidades que representem esta indústria". Em 2014, o gigante de distribuição online Amazon comprou a Twitch e a sua enorme audiência em jogos jogados e transmitidos ao vivo por 970 milhões de dólares, naquela que foi uma das maiores aquisições da empresa.
Durante o salão E3, o YouTube Gaming promoveu uma "guerra de trailers", na qual os internautas foram convocados a votar no melhor teaser sobre novos videojogos. O anúncio do jogo de guerra "Battlefield 1", da Electronic Arts, registrou mais de cinco milhões de visitas durante as primeiras 24 horas após sua divulgação.
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