A Green Generation, empresa gerida por André Jesus na Ilha Terceira, é o exemplo perfeito de um one-man show. Através dela, André realiza uma série de atividades ao ar livre – sejam desportos na natureza, planos de exercício físico ou dinâmicas para empresas – que estão a ter cada vez mais procura, numa altura em que a ilha açoriana está a recuperar dos efeitos da pandemia.

No entanto, a história da Green Generation começou no continente, quando André ainda frequentava o ensino secundário. A aptidão para o desporto e o interesse em atividade física sempre estiveram presentes, e foi por isso que, na universidade, primeiro com uma experiência em Évora e depois outra em Rio Maior, André Jesus procurou recolher o máximo de competências para poder trabalhar na área que sempre quis, ligando os desportos que adorava praticar, à natureza e ao ensino, o que lhe permitiria partilhar conhecimento com outras pessoas que procuram experiências semelhantes.

A sua primeira experiência profissional foi “num clube, nas Caldas da Rainha, que se chama “Os Pimpões”, conta. “Era um clube antigo, mais virado para o colecionismo, para a natação, para o judo, tinha várias modalidades clássicas, mas com a minha chegada, pediram-me para introduzir novas modalidades para poder angariar mais sócios, e assim foi. Naquela altura, o clube tinha ficado com a gestão das piscinas municipais, o que me possibilitou ser o diretor técnico das piscinas e começar a desenvolver outras competências que não tinha endereçado na escola, assim como meter em prática tudo o que tinha aprendido”, conta.

O roteiro ideal para a Ilha Terceira
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Esta etapa de aprendizagem para o futuro empresário durou apenas um ano. Uma oferta de emprego para a namorada, na ilha Terceira veio mudar tudo. Para a pessoa comum seria uma grande mudança, mas André já estava habituado a fazer as malas, depois de andar por vários lugares entre a adolescência e os estudos. Atravessaram o Atlântico e começaram a sua nova aventura, ambos no setor do Turismo.

Numa primeira fase, André estagiou numa empresa local, ficando responsável pelo desenvolvimento de experiência turísticas, como caminhadas em trilhos. Mais tarde, levou o conhecimento adquirido neste primeiro contacto com as necessidades da região para uma popular operadora turística da Terceira – a Picos de Aventura.

“A empresa fazia Tours e tinha experiências marítimas também, como ver as baleias ou fazer passeios de barco à costa. Eu estava responsável pela parte da operação terrestre, tratava dos transfers, fazia os Tours de dia completo, ou de meio dia, conforme os temas e conforme a escolha dos clientes. Isso deu-me alguma experiência, para além da que já tinha, de perceber o que podemos acrescentar ao cliente. No entanto, como não estava muito satisfeito, acabei por terminar o contrato e comecei a trabalhar por conta própria”, relata. Acontece que a Picos de Aventura tinha uma parceria com um ginásio local no qual André aproveitou para angariar alguns clientes e oferecer, em regime de part-time, treinos personalizados alternativos (ao livre), que foram ganhando maior popularidade e que passaram, depois da saída Picos, a merecer a sua atenção full-time. Estávamos em 2019 e foi nesta altura, já com alguns clientes fixos e com a vida mais orientada, que André Jesus, incentivado por família e amigos, começou a pensar que talvez fizesse sentido fazer daquilo um negócio.

A Green Generation e a ajuda de um amigo

O Governo Regional dos Açores tinha ao nível do Portugal 2020 e da linha Competir+ fundos destinados às áreas onde André queria atuar – Treino Outdoor e o Desporto na Natureza. Foi assim que conseguiu um embalo inicial para o desenvolvimento do projeto. De seguida, precisou de uma base para a sua empresa, para gerir todas as operações. E foi aí que o amigo Sebastião Medeiros, diretor da incubadora Startup Angra, o convidou para ter um escritório na Casa Do Capitão, em Angra do Heroísmo, e beneficiar de uma série de serviços, desde apoio administrativo, networking ou suporte ao desenvolvimento de negócio.

“Percebi que a entrada na StartUp era um grande avanço para o meu negócio, porque aqui tenho mentores que me possam ajudar, estou dentro do meio empresarial e posso arranjar fornecedores e parceiros. Isso fez catapultar, de certa forma, o meu negócio logo no início, porque eu não tinha imagem, o nome que tinha pensado era outro, mas as coisas foram-se arrumando e as minhas ideias também”, confessa.

No primeiro desenho da Green Generation, a ideia de André passava por ter as atividades de exercício físico mais viradas para o público local e ter os desportos de natureza como o BTT, o Paddle, a canoagem, entre outros, mais ligado ao setor do turismo e às milhares de pessoas que visitam a Terceira ano após ano. Mas a pandemia obrigou a repensar os planos — e nem tudo foi negativo.

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Com o setor turístico fechado, André direcionou parte das operações para o público local que, com os sucessivos confinamentos, foi procurando cada vez mais os serviços de atividades ao ar livre da Green Generation, o que levou a que a empresa mantivesse a sua sustentabilidade, mesmo crescendo a um ritmo inferior ao esperado. Adicionalmente, também as empresas começaram a requisitar os serviços de André por terem necessidade de realizar experiências de team building.

“No início [do negócio] há muita resiliência e queremos fazer coisas novas, mas depois vemos que essas coisas novas nem sequer resultam e temos de nos adaptar. Agora que já passou algum tempo, vemos que fizemos bem, fizemos boas escolhas e estamos a colher frutos nessas duas áreas. Neste momento, assinámos um protocolo com o TERINOV, de Angra do Heroísmo, no sentido de ir à Incubadora de Empresas e servir todas as empresas com programas de Exercício Laboral e de Team Building. Temos aqui a oportunidade de trabalhar com mais de 50 empresas, o que é muito bom”, exemplifica.

O que o futuro reserva à Green Generation

Já este ano, o objetivo para a Green Generation passa por ir atrás da visão original para a empresa, atendendo a que as condições de hoje são diferentes das que André encontrou em 2019.

Em termos financeiros, em 2021, a empresa cresceu 300%, o que permitiu que André deixasse de ser um one-man show e pudesse começar a contar com a ajuda de outra pessoa para a parte administrativa. O objetivo é continuar a crescer a equipa de forma sustentável nas operações.

Em termos de serviço, com o aproximar do verão, André espera poder expandir-se para além dos treinos ao ar livre e percursos pela natureza e começar a apostar nos desportos mais “radicais” – BTT, Paddle, etc -, mas não só. A ideia da Green Generation é direcionar-se mais para o turismo e para o Turismo de Saúde, com a criação de Bootcamps Fitness, “onde as pessoas podem fazer fazer exercício e, ao mesmo tempo. conhecer a ilha. Não deixam de conhecer o destino, mas conhecem-no de outra forma e com um objetivo mais específico. E onde queremos mesmo chegar é aos combos, ou seja, combinar as nossas atividades com experiências de carro, com o campismo e chegar às pessoas com aquilo que elas vão gostar, com programas personalizados. No fundo, é tentar criar a melhor experiência – uma experiência Green Generation”, conclui.


Este é o terceiro de uma série de artigos que resultam de uma visita do The Next Big Idea a Angra do Heroísmo, a convite da Startup Angra e da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.

  1. O roteiro ideal para a Ilha Terceira
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