Em entrevista à Lusa, Mariana Farraia, investigadora do ISPUP, explicou que o estudo, recentemente distinguido pela European Academy of Allergy & Clinical Immunology, surgiu da "necessidade que existe na área, de pesquisar novas tecnologias e ferramentas" que auxiliem os clínicos no diagnóstico e monitorização de doentes com asma.
O estudo, denominado Human Volatilome Analysis To Identify Individuals With Asthma In Clinical Settings, que está agora em fase de revisão para ser submetido a publicação, desenvolveu-se em duas fases: na criação de um algoritmo e na validação clínica, tendo recrutado 207 pacientes do Centro Hospitalar de São João, no Porto.
"O objetivo era testar esta tecnologia [nariz eletrónico] para avaliar asmáticos durante as consultas e perceber de que forma é que a avaliação do ar exalado poderia ajudar no próprio diagnóstico da asma", afirmou Mariana Farraia, adiantando que “existem diferenças no ar exalado de pessoas que têm sintomas de asma".
"Através de um tubo, recolhemos as amostras do ar exalado dos pacientes. As amostras foram posteriormente colocadas no dispositivo, que avaliou e analisou os perfis dos compostos presentes no ar", esclareceu.
Segundo a investigadora, bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o recurso a este dispositivo médico, que está a ser "amplamente estudado a nível europeu", poderá também vir a ajudar "no ‘target’ de terapias".
"Queremos contribuir para facilitar no diagnóstico desta doença. O diagnóstico da doença é complicado, porque o médico tem de avaliar muitas condicionantes, e a aplicação do tratamento é feita consoante as recomendações internacionais, na medida em que se vai aumentando ou diminuindo as doses consoante o estado sintomático dos doentes", afirmou.
Dados do Inquérito Nacional de Saúde (INS) estimam que em Portugal, a prevalência da asma seja de 5,3%, aproximadamente 530 mil pessoas, sendo que 1,4% dos portugueses sofrem de formas mais graves da doença.
À Lusa, Mariana Farraia adiantou que pretende agora fazer "um estudo longitudinal" e perceber se "as mudanças se traduzem no ar exalado ao nível da monitorização da doença", assim como "se é possível que as mudanças a nível inflamatório e sintomático se reflitam no ar exalado".
O trabalho dos investigadores do ISPUP foi também distinguido, em novembro de 2018, no ISAF - International Severe Asthma Forum, que decorreu em Madrid.
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