Na véspera da abertura do Mobile World Congress (MWC), Huawei procurou atrair os olhares para seus avanços tecnológicos ao apresentar o seu primeiro telemóvel com ecrã dobrável, o Mate X, compatível com as futuras redes ultrarrápidas 5G.
Quatro dias atrás, a líder mundial do setor, a sul-coreana Samsung, apresentou o seu próprio aparelho, o Galaxy Fold, em São Francisco. Já antes a Xiaomi, empresa também ela chinesa, se tinha adiantado na corrida ao revelar um protótipo no início do ano.
"Os nossos engenheiros trabalharam neste ecrã durante mais de três anos", explicou um representante da empresa chinesa, Richard Yu. Este smartphone, que estará disponível para compra ainda este ano, será vendido a partir de 2.299 euros, acima dos 1.745 euros do Galaxy Fold da Samsung.
"É muito caro", admitiu Yu. "Mas nós estamos trabalhar para reduzir o preço", disse o responsável, numa declaração que é consonante com o que tem sido a postura da Huawei - de apresentar smartphones mais baratos que os da concorrência e que tem surtido efeito, com a empresa a aumentar a sua quota de mercado global.
Dobrado, o telefone tem um ecrã de 6,6 polegadas (16,8 cm) na frente, um pouco maior que o do iPhone Xs Max, e outro de 6,3 polegadas (16 cm) na parte de trás. Desdobrado, obtém-se um tablet com um ecrã de cerca de 8 polegadas (20,3 cm).
Além disso, o grupo chinês mostrará aos operadores do mundo e organizadores do MWC -a GSMA-, os seus avanços em 5G, a quinta geração de redes móveis que proporcionarão uma conectividade quase instantânea para smartphones e objetos como carros e robôs.
A Huawei enfrenta a preocupação expressa pelos Estados Unidos sobre a possibilidade de a China usar os seus equipamentos, com ou sem o envolvimento da empresa, para espiar comunicações nas futuras redes 5G. "Temos enfrentado nos últimos meses vários desafios relacionados com segurança cibernética, levantados por vários países sob a pressão de uma potência", disse a repórteres em Barcelona Guo Ping, CEO rotativo do grupo chinês.
De facto, 2018 foi marcado pela proibição de equipamentos chineses nas futuras redes 5G nos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Japão. O governo dos Estados Unidos pediu aos seus principais aliados europeus para seguir o exemplo, o que pode representar um golpe para a Huawei, cujo primeiro mercado fora da China é a Europa.
De qualquer forma, o horizonte na Europa não parece tão negativo para a Huawei. Em janeiro, o operador alemão Deutsche Telekom expressou temores num relatório interno sobre os riscos de atrasos na implantação de 5G se o governo virar costas à Huawei, uma preocupação também levantada pela GSMA, a principal associação da indústria de comunicações móveis. E, a 18 de fevereiro, o serviço de inteligência britânico estimou que era possível limitar os riscos de espionagem ligados ao uso de equipamentos da Huawei.
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