Apple, Microsoft, Alphabet (empresa-mãe do Google), Amazon e a petrolífera Saudi Aramco, é este o clube das empresas que valem mais de um milhão de milhões. Agora há uma nova empresa que está na iminência de juntar-se a este clube de titãs: a Nvidia. E a fazer jus à crença dos analistas, não faltará muito até que a fabricante de semicondutores se torne a próxima “trillion-dollar baby”.
Se nos últimos meses a Inteligência Artificial (IA) tem dominado o espetro noticioso, nos últimos dias o foco tem recaído na notícia de que a Nvidia, fabricante de processadores, está prestes a atingir um valor de mercado na casa dos biliões de dólares. Ainda não chegou lá, mas parece ser um daqueles casos em que é só uma questão de tempo. E assim que chegar à fasquia, poderá gabar-se de fazer parte de um lote muito restrito de empresas a alcançar a valorização nos Estados Unidos de um milhão de milhões, ou seja, um bilião (o trillion americano).
Impulsionada pela procura de processadores e pelo boom da IA generativa, a tecnológica começou a fazer manchetes na quarta-feira, 24 de maio, depois de anunciar a previsão de receitas na ordem dos 10 mil milhões de dólares no segundo trimestre fiscal de 2024 — mais 50% do que os analistas previam, segundo a Forbes. Como consequência, o mercado reagiu e as ações da empresa dispararam mais de 24% no dia seguinte (quinta-feira, dia 25).
- Depois da divulgação do relatório de contas, a sua valorização de mercado passou a ser de 939 mil milhões de dólares. Nota: 24 horas antes, estava avaliada em 755 milhões.
- De acordo com a Reuters, as ações da empresa subiram mais de 160% este ano, tornando a Nvidia na quinta empresa mais valiosa dos EUA.
Do gaming à IA
Fundada em 1993, a Nvidia é conhecida pelas suas placas gráficas para os computadores dos gamers e por ter desenvolvido uma tecnologia (os GPUs, na sigla inglesa, ou Unidades de Processamento Gráfico, que são processadores que lidam com os dados gráficos) que permitiu dar um maior realismo às imagens dos videojogos e de animação. O sucesso agora é grande e de biliões, mas nem sempre foi assim — e não fosse um contrato com a Sega para a construção de uma nova consola e a história podia ser outra.
No entanto, o foco da empresa mudou nos últimos anos. Se é verdade que tudo começou no gaming, a atenção está cada vez menos nos jogadores e mais nos seus data centers. E, claro, nos seus chips — para os quais, até ver, ainda não há rival no mercado.
Porquê? Porque os seus GPUs não servem só para jogar e para dar realismo aos nossos olhos. Em 2006, investigadores de Stanford descobriram que os GPUs tinham outra utilidade – podiam acelerar as operações matemáticas, de uma forma que os chips de processamento normais não conseguiam. É então que Jensen Huang, CEO e um dos fundadores, decidiu apostar noutra direção e quis que os seus GPUs fossem programáveis, permitindo que as suas capacidades de processamento fossem além dos melhores gráficos.
Como realça a BBC, esta decisão acrescentou pouco ao dia-a-dia dos gamers, mas deu aos investigadores uma nova forma de fazer computação de elevado desempenho sem necessitar de um supercomputador ou de muitos chips. Tanto que atualmente os GPUs da Nvidia são fundamentais para desenvolver, por exemplo, o deep learning (componente da inteligência artificial que ensina os computadores a processar dados de uma forma complexa, inspirada no funcionamento do cérebro humano). Ou seja, hoje encontramos estas “placas” de hardware da Nvidia a dar gás e a servir de motor à maioria dos projetos que tenham por base modelos de inteligência artificial generativa.
- A Nvidia tem chips de alta performance que alimentam aplicações de inteligência artificial generativa. O modelo A100 e o outro mais recente, o H100, são dois exemplos.
- ChatGPT foi treinado com 10 mil GPUs V100 agrupados num supercomputador (que pertence à Microsoft). O custo de cada um? Segundo consta, perto dos 10 mil dólares. E o custo de energia para treinar este monstro? Tanta energia como 400 restaurantes a operar 24h durante duas semanas.
Segundo a Reuters, a Nvidia desenvolve cerca de 80% dos GPUs do mercado e gigantes como a Amazon, Google, Meta e Microsoft são alguns dos clientes que utilizam os chips da Nvidia para o processamento de dados. Em abril, foi inclusive notícia que Elon Musk terá comprado milhares de GPUs para começar uma startup de IA para competir com a OpenAI.
No entanto, a empresa não tem fábricas. A Nvidia desenha, projeta e faz investigação, mas quem produz efetivamente os chips é a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC). O engraçado? A Nvidia vale agora em bolsa praticamente o dobro da TSMC — sem produzir um único chip.
- À BBC, dois analistas ajudam a explicar o fenómeno ao salientarem que a empresa “é o principal ator tecnológico que permite esta nova coisa chamada inteligência artificial” e que a Nvidia está para a IA como a Intel esteve para os PC’s.
- Na opinião dos analistas do Bank of America, a empresa estabeleceu-se na última semana como um “líder da IA” cuja capitalização de mercado está definida para subir para “1 bilião de dólares e mais além”.
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