Portugal vai ter mais unicórnios
Atualmente existem sete unicórnios com ADN português: a Farfetch, a Talkdesk, a Outsystems, o Anchorage Digital Bank, a Sword Health, a Feedzai e a Remote. Este ano espera-se que mais empresas se possam juntar a esta lista após novas rondas de investimento que deverão aparecer antes do início da primavera.
Entre as principais candidatas com sangue lusitano estão a Defined.ai (antes Defined Crowd) e a Unbabel. A primeira é liderada por Daniela Braga e quer tornar-se numa referência no desenvolvimento de aplicações através de inteligência artificial. A segunda tem como CEO Vasco Pedro e quer ser a plataforma líder de Translation as a Service, colocando empresas a comunicar em tempo real na língua dos seus clientes. A Defined.ai já levantou mais de 50 milhões de euros em investimento e a Unbabel já totaliza mais de 80 milhões de euros em financiamento.
A Apple continua no topo
Novos iPhones, novos AirPods, novos iMacs. De uma forma ou de outra a empresa da maçã tem conseguido reinventar-se e introduzir novos produtos que garantem o seu domínio à escala global. É atualmente a empresa mais valiosa no mundo inteiro à frente de Microsoft, Alphabet (aka Google) e Meta (aka Facebook) e nas próximas semanas deverá ultrapassar os 3 biliões de dólares (trillion em inglês) em valorização bolsista. Os mercados funcionam de modo estranho e há sempre espaço para surpresas, mas tudo indica que a tecnológica liderada por Tim Cook manterá o estatuto de líder com o seu ecossistema de produtos e serviços.
Mais países a adotar Bitcoin
A inflação foi um dos temas quentes de 2021 e levou muitas economias a repensar o seu modelo. A forte impressão de dólares por parte dos EUA e o atraso nas cadeias de abastecimento mundo inteiro causaram pressões no poder de compra das famílias e levaram a uma subida no preço das principais matérias-primas. Nos EUA a inflação ultrapassou os 6% em 2021 e em Portugal chegou aos 2,8% em dezembro, valores bem acima dos níveis saudáveis para ambas as economias.
No entanto, o dólar e o euro são as divisas referência no mundo inteiro e é possível através de diferentes mecanismos que a inflação volte a valores “mais normais”. Contudo, economias mais frágeis (diga-se sem uma moeda forte) poderão estar dispostas a optar por uma solução alternativa chamada Bitcoin. Foi o que El Salvador fez ao tornar a criptomoeda como uma das divisas oficiais do país e é algo que outros países como o Panamá, o Paraguai e a Argentina estão a considerar. Serem paraísos fiscais ou países com hiperinflação não é uma coincidência.
DAOs vão ser usadas para tudo e mais alguma coisa
Em 2021, a moda foram as SPACs (Special Purpose Acquisition Companies), empresas criadas com o único propósito de levarem outras a ser cotadas em Bolsa por um preço mais amigável. 2022 promete ser o ano das DAOs (sobre as quais escrevemos aqui), empresas/organizações fundadas de forma descentralizada que podem ter vários objetivos desde servir para regular o funcionamento de uma entidade ou para formar uma espécie de fundo de financiamento composto por pessoas do mundo inteiro que pode comprar a Constituição dos EUA ou mesmo um clube de futebol. Aguardamos pelas histórias peculiares que vão encher sites e capas de jornais durante os próximos meses — que vão poder acompanhar na Next, claro.
Ainda vai haver muito por descobrir no metaverso
A mudança de nome do Facebook para Meta levou a que a conversa sobre universos virtuais se tornasse mais urgente do que nunca. Seja em plataformas centralizadas como a Roblox ou o Minecraft, seja em redes descentralizadas como a Sandbox ou a Decentraland, as grandes tecnológicas e as marcas já estão a pensar como se podem posicionar nestes mundos: através da compra de terrenos digitais, da implementação de lojas online / criação de NFTs ou através da criação dos produtos e serviços que permitem aceder a esta nova realidade.
Estima-se que o metaverso pode transformar-se num mercado superior a 500 mil milhões de dólares nos próximos anos, mas, em 2022, a adoção generalizada não vai ser imediata e diversos desafios tecnológicos ainda vão ter de ser resolvidos.
Influencers vão poder influenciar ainda mais
Se os Facebook Papers foram indicação de algo foi de que o escrutínio às redes sociais e à forma como utilizam a informação dos seus utilizadores será necessariamente maior nos meses que se avizinham. Por outro lado, a Apple decidiu dar a opção aos donos de um iPhone de escolher se querem os seus dados recolhidos (ou não) pelas apps que estão a utilizar, o que prejudica a eficácia dos algoritmos das redes sociais que deles dependem. Os dois em conjunto vão levar a uma desconfiança das marcas nos anúncios que podem colocar no Facebook, Instagram ou TikTok e levarão a que estas decidam optar (ainda mais) por pagar diretamente aos influencers que garantem as audiências que procuram.
Europa vai continuar a ser o regulador de tech do mundo
Os EUA são muito fortes em vídeos virais de senadores que não sabem como funciona a Internet, mas muito perdulários na altura de implementar legislação que altere o paradigma da concorrência e de práticas monopolistas. O Velho Continente, por outro lado, nunca se demitiu da responsabilidade de aplicar avultadas multas a grandes tecnológicas quando assim foi exigido ou de monitorizar fusões que possam de alguma forma prejudicar a competitividade da sua economia. A multa recente aplicada à Alphabet ou a revisão da compra da Giphy por parte do Facebook no Reino Unido (adjacente à Europa, pronto) são exemplos dessa autoridade. Em 2022, a situação não deverá mudar.
Uma perspetiva mais ambiciosa sobre o Covid
No próximo ano, assumindo que o vírus não ganha uma mutação mais perigosa, vai haver um acordo generalizado sobre a forma de lidar com o vírus para indivíduos e para empresas. Seja com maior imunidade, seja com tempos de isolamento mais curtos, seja com um comprimido que resolve a situação, as empresas vão finalmente poder estabelecer um regime oficial de trabalho híbrido (onde seja possível), que dará maior flexibilidade e responsabilidade aos colaboradores para gerirem os dias que trabalham em casa ou que se deslocam ao escritório.
No caso do trabalho 100% remoto (seja em empresas locais, seja em empresas internacionais) vai ter de haver uma discussão da plataforma legal de salários que penso que poderá trazer benefícios para uma economia de baixos salários como Portugal, onde estes terão necessariamente de subir em prol da competitividade do país.
Quais são as suas apostas? Envie para next@madremedia.pt e na próxima semana anunciaremos as que foram mencionadas mais vezes.
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