O leilão da tecnologia de quinta geração (5G) durou mais de nove meses, sendo que só na fase principal durou mais de 200 dias e 1.727 rondas, terminando em 27 de outubro.
“O mais importante é que neste momento o 5G está na rua, de norte a sul do país. Os portugueses têm 5G e isso é sinal também que os operadores estavam preparados para disponibilizar esta tecnologia” e, por isso mesmo, “não foi por responsabilidade dos operadores que o 5G se atrasou e que Portugal foi um dos países que teve ofertas comerciais mais tarde”, afirma Pedro Mota Soares, secretário-geral da associação dos operadores das comunicações eletrónicas Apritel.
“Hoje o 5G é uma realidade e está em todo o país e isso é o mais importante”, reforça o responsável.
Quanto ao processo do leilão, Pedro Mota Soares acrescenta que “já houve muita gente a falar” sobre o tema, recordando que o primeiro-ministro disse que “o processo foi feito da pior forma possível”.
Ou seja, “vários dirigentes políticos disseram, um prémio Nobel da Economia já veio dizer que o processo em Portugal não correu bem, que as regras não estavam bem feitas”, aponta.
Um estudo de opinião “muito recente” que Pedro Mota Soares leu, refere, “dizia que cerca de 60% dos portugueses acham que as regras não foram bem feitas e responsabilizam o regulador [Anacom] por isso mesmo”.
Aliás, “neste processo chegou-se até a falar da destituição do próprio regulador, por isso mesmo é um processo que não correu bem”, mas “do ponto de vista dos operadores o mais relevante é que hoje a tecnologia 5G está disponível nos telemóveis dos portugueses”, sublinha.
O 5G “é uma tecnologia que vai ser muito importante”, destaca, referindo que o setor das comunicações “é fundamental no momento em que o país” atravessa.
“Estamos num processo de recuperação económica, uma parte muito significativa dessa recuperação económica vai ser feita também no meio digital, estamos num processo de transição digital, um salto para o digital, e o setor das comunicações é absolutamente fundamental para dar essa mesma resposta”, reforça.
Do lado os operadores, “os investimentos estão a ser feitos” e “é muito claro que vai haver um reforço de investimento para se poder disponibilizar” o 5G aos portugueses.
Nos últimos cinco anos, de 2015 a 2019, refere, “o investimento feito em Portugal foi de mais de 5,2 milhões de euros”.
Atualmente, “Portugal tem redes do melhor que existe em toda a Europa e em todo o mundo”, sendo que 90% das casas em Portugal têm redes de fibra, salienta.
No acesso à banda larga de qualidade, “Portugal está na liderança desse mesmo acesso, 99,8% dos portugueses tem acesso a voz móvel, a redes móveis e isso é exatamente fruto de muito investimento que o setor tem vindo a fazer e que vai continuar a fazer até com este salto também para o 5G”, que “vai necessitar de continuar a fazer o seu investimento, destaca Pedro Mota Soares.
O processo do leilão “correu mal e já estão identificados também quem são os responsáveis” por este “ter corrido mal”, sublinha.
Reforçando que o setor já estava preparado para o 5G e que “muitas vezes avisou também para as dificuldades que estavam em cima da mesa”, o secretário-geral da Apritel considera que “o mais importante é que o 5G está nas mãos dos portugueses”.
O 5G, salienta, “não é só uma questão de velocidades, algo que também é relevante, mas acima de tudo permite ligar muito mais equipamentos – a Internet das Coisas -, que vai beneficiar desta nova tecnologia.
“Há muitas matérias que vão ser muito disruptivas, na indústria, nos serviços, na forma como nós nos relacionamos uns com os outros, Portugal tem ainda por cima essa capacidade, essa qualidade, essa velocidade nas suas redes”, acrescenta.
“Eu acho que Portugal pode ter orgulho no seu setor das comunicações, certamente que com o 5G vamos dar um salto para muitas realidades que nos pareciam quase impossíveis há uns anos”, considera.
A sustentabilidade nas cidades, as ‘smart cities’ [cidades inteligentes] vão ser potenciadas pelo 5G, por exemplo, como também disponibilizar em zonas mais remotas serviços de saúde.
“O 5G vai permitir que isso – que era se calhar há uns anos um sonho – seja hoje uma realidade e, portanto, vai ser de facto uma mudança na nossa vida coletiva”, remata Pedro Mota Soares.
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