A passagem por Vénus é uma manobra necessária para que ambas as sondas possam chegar ao seu destino.
A Solar Orbiter, lançada em fevereiro de 2020, é um veículo espacial de observação do Sol, que envolve uma parceria entre a ESA e a congénere norte-americana NASA.
A BepiColombo, que, em bom rigor, é composta por duas sondas, enviadas para o espaço num módulo em outubro de 2018, visa explorar Mercúrio, numa missão conjunta entre a ESA e a congénere japonesa Jaxa.
Segundo um comunicado da ESA, a passagem das sondas por Vénus “oferece uma oportunidade sem precedentes de estudar o ambiente de Vénus de diferentes localizações ao mesmo tempo e, além disso, em localizações que não são tipicamente visitadas por um orbitador planetário”.
A maior aproximação da Solar Orbiter – projetada para produzir as primeiras imagens dos polos do Sol – a Vénus será às 05:42 (hora de Lisboa) de 9 de agosto, a 7.995 quilómetros de altitude, enquanto a aproximação máxima da BepiColombo será às 14:48 de 10 de agosto, a 550 quilómetros.
Não será possível obter imagens de alta resolução de Vénus, apenas fotografias a preto e branco tiradas por duas das três câmaras do módulo da BepiColombo. Espera-se que a primeira imagem esteja disponível em 10 de agosto e a maioria das restantes no dia seguinte.
De acordo com a ESA, pode haver ainda esta semana uma oportunidade para a Solar Orbiter observar o lado noturno de Vénus.
A Agência Espacial Europeia espera, ainda, que os dados recolhidos pela passagem da Solar Orbiter e da BepiColombo por Vénus possam fornecer informações úteis à missão da sonda EnVision, que será lançada em 2030 para estudar a atmosfera do planeta.
No início de outubro deste ano, o módulo BepiColombo que transporta as duas sondas fará a primeira de seis aproximações a Mercúrio, a 200 quilómetros de altitude.
As duas sondas serão colocadas na órbita do planeta no fim de 2025 com o intuito de estudarem, nomeadamente, o seu campo magnético e a sua exosfera (camada mais externa da atmosfera).
A astrofísica Joana S. Oliveira faz parte da equipa científica da missão BepiColombo da ESA e a empresa Efacec construiu um equipamento eletrónico que monitoriza a radiação espacial durante a viagem e a operação de uma das sondas do módulo.
Em 27 de novembro, a Solar Orbiter fará uma aproximação final à Terra, a 460 quilómetros de altitude. Depois disso, passará regularmente por Vénus para aumentar progressivamente a inclinação da sua trajetória para melhor observar as regiões polares solares, essenciais para a compreensão do ciclo da atividade do Sol.
As empresas portuguesas Critical Software, Active Space Technologies e Deimos Engenharia estiveram envolvidas em vários componentes da sonda solar.
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