"Não há nada mais poderoso do que uma ideia que chega no momento certo". A frase é do romancista Victor Hugo e tem aplicação prática no dia a dia dos negócios e da inovação. Startups com ideias há muitas, e o Grow, um projeto dinamizado pelo grupo José de Mello, nasceu com o propósito de as ajudar a saber se chegaram no momento certo. Este espaço funciona como um laboratório para testar soluções de inovação no âmbito dos vários negócios do grupo, em tempo real e com clientes reais.
De acordo de Luís Brito Goes, administrador do grupo José de Mello,"o Grow nasceu porque quis dar a possibilidade de resposta a empreendedores mais pequenos, mais jovens, com ótimas ideias, mas com menos capacidades financeiras". O Grow dá-lhes o contexto de negócio para perceber quais as arestas a limar porque "muitas vezes as ideias são extraordinárias, mas depois quando confrontadas com a realidade são menos positivas".
O processo de integração no Grow começa pela startup dar a conhecer-se e, depois, perceber as necessidades no âmbito do Grupo José de Mello. "Definimos internamente, em cada um dos setores em que operamos, quais são os nossos espaços em branco", explica Luís Brito Goes. Depois de testadas as soluções, o objetivo é que façam parte do quotidiano da José de Mello com uma proposta inovadora que colmate falhas ou que traga melhorias.
Lançado em 2017, como "conector de inovação" que liga startups às empresas do grupo empresarial, o Grow já se tornou a casa de mais de 30 projetos de inovação.
Matereo e Biosurfit: o teste do mercado
A Matereo desenvolveu uma solução que está em teste no âmbito da manutenção das infraestruturas da Brisa e que tem em vista prever a durabilidade de estruturas de engenharia civil. "Quando construímos uma infraestrutura de grande dimensão são investidos milhões de euros. E no ano zero é expectável que essa infraestrutura vá durar 50 ou 100 anos. Mas não é isso que acontece", explica o fundador da startup, Ricardo Carmona. O objetivo, acrescenta, é trazer esta "previsibilidade" ao mercado da construção.
Sobre as sinergias criadas com a Brisa, o fundador da Matereo valoriza a oportunidade de "trabalhar com uma entidade de referência" e de "ter o feedback especializado de quem tem de resolver estes problemas" de manutenção.
Além da Matereo, a Brisa trabalha com mais de uma dezena de startups. Eduardo Ramos, administrador da empresa, sublinha que "o objetivo é manter aberta uma janela para o futuro". "Estas startups permitem-nos perceber que linhas de pensamento estão a desenvolver, porque têm tempo para o fazer e nós, que estamos focados no negócio do dia a dia, nem sempre temos tempo para nos focar nessas tendências", acrescenta.
A Biosurfit desenvolveu uma tecnologia de análises clínicas em teste nos hospitais CUF. Nas palavras da CEO, Rosa Santos, é "uma ferramenta que permite que os médicos , em vez de tirarem sangue da veia, retirem apenas uma gota [do dedo] e tenham o resultado em menos de 7 minutos", depois de colocar a amostra num disco analisado digitalmente. Pela eficiência deste produto, Rosa Santos refere que este método "mesmo tendo um custo mais elevado", o paciente "está disposto a pagar".
Esta ideia com selo português ainda não ganhou terreno no nosso país por não ser comparticipada, mas está agora em fase teste nos hospitais da CUF, nas urgências pediátricas.
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