"Mobilidade para todos" é o tema que serve de mote para um concurso promovido pela Michelin, que através de um desafio de design pretende "celebrar, promover, divulgar e dar visibilidade ao pensamento criativo original e inovação na concepção dos veículos", segundo informações do site do concurso.

Da responsabilidade da Michelin North America, Inc., este concurso anual, que já vai na sua 27ª edição, "deseja estabelecer uma relação mais estreita com a comunidade de design, combinando inovação técnica com o projeto de transporte, para criar veículos que os consumidores queiram comprar e de cuja condução possam desfrutar", segundo a mesma fonte.

Para a mais recente edição, que tinha como tema complementar "Projetando para a próxima fronteira", o desafio foi desenhar um veículo pessoal, familiar ou comercial, que fosse ao mesmo tempo simples e funcional, que promovesse mobilidade e que fosse acessível nas zonas carentes do mundo como por exemplo o sudeste asiático, a América Central, ou África Central.

As propostas vieram de países e pessoas que normalmente não são falados na área do design. O primeiro lugar foi conquistado por Rajshekhar Dass e o seu grupo de trabalho, da Índia, com a proposta “Google Community Vehicle”. O segundo lugar coube a Edgar Sarmiento García, da Colômbia, pelo modelo “Arriero”; e o pódio foi fechado por WooSung Lee e Chan Yeop Jeong da Coreia do Sul, pelo modelo “Bamboo Recumbent”.

"Os vencedores do nosso Michelin Challenge Design 2016 mostraram uma tremenda criatividade, inovação e foco no fornecimento de mobilidade através de um número de aplicações diversas", elogiou Thom Roach, da Michelin acrescentando: "damos os parabéns aos vencedores na conceção de soluções de mobilidade provocadoras que, potencialmente, podem fornecer uma forma de transporte para uma área carente do mundo".

Veja as três ideias vencedoras e os restantes finalistas:

As três melhores ideias

"Google Community Vehicle"

As experiências de pessoais e de pesquisa de Rajshekhar Dass e do seu grupo, na Índia rural, deu-lhes uma visão clara do modelo que queriam apresentar. As áreas mais carentes do país têm problemas comuns: vias de comunicação deficitárias, problemas de conectividade e falta de assistência média, mesmo em caso de emergência. Além disso, essas regiões são maioritariamente compostas por agricultores ou pessoas ligadas à agricultura.

O foco do trabalho deste grupo foi precisamente a agricultura e o melhoramento da assistência médica, como forma de melhorar o modo de vida e as formas de deslocação dos habitantes destas zonas.

Assim, pegando na permissa do concurso e pensando no veículo económico e simples de fabricar, o modelo apresentado é modular, servindo não só o propósito de deslocação, mas sendo também uma ferramenta de trabalho.

O grupo também pensou neste veículo como podendo fazer parte do programa de desenvolvimento rural da Google. Estando conectado à sua tecnologia, pode ao mesmo tempo ajudar os agricultores a aprender novas técnicas de cultivo, saber informação metereológica, entre outras.

"Arriero"

O modelo "Arriero", da responsabilidade do colombiano Edgar Sarmiento García, é um veículo de transporte pessoal, com quatro rodas alimentadas por energia solar, desenhado com o intuito de ajudar os habitantes da zona dos Andes, caracterizada por uma agricultura familiar com forte tendência para o cultivo do café, a transportar os seus produtos agrícolas.

Não sendo a Colômbia um país forte na indústria, segundo García, o "Arriero" foi projetado para uma produção local flexível. O modelo pode ser personalizado de acordo com o poder de compra dos proprietários ou as suas necessidades, uma vez que as peças do modelo são ajustáveis e de fácil manutenção.

"Bamboo Recumbent"

A dupla de designers WooSung Lee e ChanYeop Jeong desenhou o "Bamboo Recumbent" tendo em mente especialmente a cidade de Navotas, nas Filipinas, em cuja área metropolitana vivem 25 milhões de habitantes em casas flutuantes feitas em bambu.

A pensar no tempo das chuvas, os designers desejam que o modelo apresentado seja a próxima geração de transporte na região, uma vez que a sua matéria prima, o bambu, é muito fácil de encontrar na zona, o que o torna num veículo sustentável, ao mesmo tempo que foi desenhado para que as pessoas consigam montá-lo com facilidade, com o recurso a alguma matéria-prima fornecida pela Michelin.

Além de ser ecologicamente responsável, graças ao uso do bambú, este veículo tem ainda a particularidade de purificar a água onde navega, graças ao seu sistema de purificação de águas, contribuindo para o desenvolvimento da região e para o aumento do nível de vida dos 25 milhões de habitantes da cidade.