Desde que chegou a Lisboa, em 2016, o Web Summit mudou por completo o paradigma do ecossistema de startups português. Empresas e investidores internacionais, que nunca tinham posto pé em território lusitano, descobriram o potencial e o talento que existia por cá. O país conhecido pelas praias e pela boa comida, subitamente era também local para fazer negócio e, olhando para trás, existem atualmente muitas mais infraestruturas a suportar estas dinâmicas.
É também verdade que o próprio Web Summit beneficiou com a vinda para Lisboa. A ocupação do MEO Arena e da FIL permitiu à equipa novamente liderada por Paddy Cosgrave acolher mais de 70 mil pessoas por edição de todos os cantos do mundo e tornar-se numa referência no que diz respeito a este tipo de conferências. Sem Lisboa, dificilmente havia um Web Summit no Rio de Janeiro. Aquando da primeira edição, em 2023, as elevadas expectativas justificavam-se pelo track-record conseguido não só do outro lado do Atlântico, mas também no Canadá com o “Collision” e em Hong Kong com o “Rise”.
A primeira vez no Rio
Foram mais de 21 mil pessoas que passaram pelo Web Summit Rio, no ano passado. A dimensão e a diversidade foram inferiores ao evento-mãe, mas abriu na mesma portas a que uma comunidade de empresas e investidores pudessem conhecer-se. “Estive com muitos investidores dos Estados Unidos, por exemplo, que sempre têm um olhar para investimentos na América Latina. Pela minha experiência, no ano passado, achei que tinha bastantes investidores. Talvez por isso o acesso ao Investors Lounge foi mais restrito na edição do Rio de Janeiro, sendo admitidos apenas portadores de tickets investor ou startup. Mas as pessoas rapidamente se adaptaram e fizeram conversas na área de restauração nos jardins, etc. Acredito que na próxima edição o investors lounge do Rio ficará mais parecido com o de Lisboa”, partilha a investidora brasileira Cintia Mano, CEO da COREangels, que participou na primeira edição do evento.
Expectativas para este ano
Além das naturais novidades e melhorias de uma segunda edição, será interessante perceber se a polémica que rodeou a conferência em Lisboa, no final de 2023, terá algum impacto no evento-irmão. As palavras de Cosgrave sobre o conflito entre Israel e a Palestina levaram ao seu afastamento temporário da liderança do Web Summit e ao boicote de uma série de empresas, nomeadamente as dos EUA. “Paddy” está agora de regresso e há uma natural curiosidade sobre o que isso significa para qualquer marca que se associa ao Web Summit.
Em 2024, é esperado que o número de pessoas no evento supere os 30 mil. Vão estar presentes mais de 1000 startups e mais de 600 investidores, com uma representação geográfica mais diversa que no anterior. O mercado da América do Sul tem ainda muito potencial para explorar e é normal que cada vez mais empresas vejam em eventos como este a oportunidade de encontrar “aquele” caminho que lhes dá a porta de entrada. Para isso, a organização fez um esforço maior em termos de infraestrutura, permitindo que qualquer tipo de participante, seja founder, seja investidor possa ter mais ferramentas e contextos à sua disposição para cumprir os objetivos para o evento. “Participar do Web Summit em Lisboa oferece acesso a um maior e mais diversificado ecossistema de startups, assim como com investidores globais e líderes do setor. Já o Web Summit no Rio pode proporcionar oportunidades mais direcionadas para startups latino-americanas. Ambos os eventos oferecem networking valioso, mas as diferenças no ambiente político, regulatório e de foco temático podem influenciar a experiência e os benefícios para as startups”, explica Manuel Lemos, Co-Founder da Enline Energy Solutions, uma startup do setor da energia, que vai ser uma das 31 empresas portuguesas representadas no Brasil.
Todas elas vão estar presentes numa delegação liderada pela Startup Portugal, com o objetivo de demonstrar o que de melhor está a ser feito em termos de tecnologia com ADN português. “Eu acho que é uma excelente oportunidade para as startups Portuguesas e Europeias participarem do Web Summit Rio, assim como as Brasileiras que já participam há muitos anos com grande representatividade do Web Summit Lisboa. Conhecer pessoas do mercado brasileiro, eventuais parceiros, programas de soft landing, aceleração, como o ecossistema brasileiro consegue apoiar empresas estrangeiras. É uma imersão que possibilita em poucos dias conhecer o ambiente de negócios e atores importantes. Coisa que talvez custasse meses, sem um evento como este. Sempre que falamos de expansão internacional existem atividades muito importantes que precisam ser pensadas e planeadas. Conhecer a cultura de negócio, estabelecer parcerias locais, isso leva tempo e precisa ser feito com cuidado”, refere Cintia Mano.
Tal como o Web Summit “europeu”, uma parte significativa deste evento é também os speakers que reúne em painéis e apresentações. Este ano a agenda inclui executivos de empresas como a NVIDIA, a IBM, a Google, o Nubank e a Picsart.
Subscreva a nossa newsletter NEXT, onde todas as segundas-feiras pode ler as melhores histórias do mundo da inovação e das empresas em Portugal e lá fora.
Comentários